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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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VIOLÊNCIA

Polícia suspeita de disputa de poder; a mulher dele também foi assassinada

Fundador do PCC é morto em prisão no interior de SP

ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Um dos fundadores do PCC (Primeiro Comando da Capital), José Eduardo Moura da Silva, o Bandejão, foi assassinado anteontem dentro da Penitenciária Orlando Brando Filinto, em Iaras (282 km a noroeste de São Paulo). A mulher dele, Cláudia Bonane, 30, também foi assassinada logo depois de visitá-lo na prisão.
A polícia suspeita de disputa de poder na organização criminosa, que já provocou mortes de outros líderes, como Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, e Misael Aparecido da Silva, o Misa -cuja determinação de morte teria sido aprovada por Bandejão. Como a mulher dele foi assassinada, a polícia também investiga se o crime foi motivado por vingança pessoal.
Bandejão foi morto logo após a saída da mulher. Ao voltar para a cela, foi puxado para dentro da cela 401, enforcado e esfaqueado no peito. Segundo o diretor do presídio, Roberto Medina, os agentes penitenciários foram distraídos pouco antes por uma confusão criada por cem detentos.
Já a mulher de Bandejão foi morta em uma estrada vicinal que liga Iaras a Águas de Santa Bárbara. O carro em que ela estava foi fechado por um outro carro, a dois quilômetros do presídio, segundo o depoimento das três mulheres com quem ela havia pego carona. Nenhuma delas soube identificar o veículo.
Elas disseram à polícia que alguns homens mandaram que elas descessem do carro e, em seguida, atiraram em Bonane, que havia ficado dentro do veículo.
Dois presos, ambos do PCC, assumiram a autoria do assassinato de Bandejão: Luís Eduardo Qualho, o Tramontina, condenado a 12 anos e oito meses, e José Pereira da Silva, o Biluca, que cumpre pena de 44 anos e cinco meses. "Quando eles assumem, é porque foram mandados", disse Medina.
Os dois serão colocados em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) em Presidente Bernardes, Avaré ou Taubaté.
O assassinato de Bandejão foi o quarto com as mesmas características na penitenciária de Iaras. Em março do ano passado, Alcides Sérgio Delassari, 36, o Blindado, e Dionísio César Leite, 34, ambos do segundo escalão do PCC, foram mortos porque teriam passado informações para a polícia. Alguns meses depois, outro membro da organização, conhecido como Santissa, também foi enforcado e esfaqueado.
Bandejão, condenado a 64 anos e sete meses de prisão, havia chegado a Iaras em fevereiro -ele estava dentro do esquema de rodízio de presos perigosos adotado pelo governo estadual. Segundo Medina, Bandejão não havia relatado nenhuma ameaça de morte.


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