São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Segurança do Rio vai "muito bem", diz Cabral

Declaração do governador foi dada durante a posse de comandante da Força Nacional no Rio; Estado teve 57 PMs mortos neste ano

A 56 dias do Pan, o novo comandante da Força assume sem saber onde ficarão alojados os 6.000 homens sob seu comando

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Em meio a incessantes tiroteios da Polícia Militar com traficantes do Complexo do Alemão, 57 PMs mortos este ano -entre eles um segurança da família do governador-, balas perdidas e crimes como o assassinato do menino João Hélio Fernandes, 6, Sérgio Cabral afirmou ontem duas vezes que "as coisas estão funcionando muito bem" na Segurança Pública do Estado e na parceria com o governo federal na área.
Diante do ministro da Justiça, Tarso Genro, ele elogiou a Polícia Federal, a "Operação Navalha" e disse que a corporação nacional é exemplo e "estimuladora do trabalho" da Polícia Civil do Rio e de seu chefe, delegado Gilberto Ribeiro.
Os louvores vieram também do ministro Tarso Genro, segundo quem "o Rio reage em todos os fronts e, com o governador à sua testa, passa a ser símbolo republicano".
As declarações foram feitas no Hotel Sofitel, em Copacabana, na passagem de comando da Força Nacional de Segurança, na presença de policiais e secretários de Segurança de todo o país, reunidos para reunião do seu Colégio Nacional.
Após repetir o novo aliado presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer "eu não tenho o direito de errar", Cabral disse que chamou um homem da PF, José Mariano Beltrame, para ser secretário de Segurança e lhe deu "100% de liberdade para montar a equipe".
"As coisas estão indo muito bem. Demos ao chefe de Polícia toda a liberdade de ação, não há sequer uma influência política na escolha de comandante de batalhão da PM e de delegado em chefia", afirmou, diante de policiais e secretários de Segurança Pública de todo o país.
As declarações elogiosas ao governo federal aconteceram mesmo com a relutância do Planalto e das Forças Armadas em serem empregadas no Rio, apesar de sucessivos apelos de Cabral desde janeiro.
Segundo o governador, "não existe Rambo", apenas "trabalho consistente do Estado enfrentando a criminalidade".
As estatísticas do Instituto de Segurança Pública contestam a tese de que "as coisas estão funcionando muito bem".
Mostram que em relação a 2006, a polícia fluminense matou 52% mais, prendeu 24% menos em comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Também apreendeu 15% menos drogas e 13% menos armas. Cresceram os casos de bala perdida. Os homicídios se mantiveram estáveis (1% a mais que em 2006).
Houve, porém, melhora em 29 de 39 índices de criminalidade pesquisados, como roubos a residências (3%) e a veículos (14%), embora os assaltos a transeuntes tenham aumentado 25%.

Força Nacional
A 56 dias do Pan, o novo comandante da Força Nacional, coronel PM do Rio Luiz Antônio Ferreira, assumiu ontem sem saber onde ficarão alojados os 6.000 homens sob seu comando que virão para o Pan nem quando receberá equipamento a ser usado nos Jogos.
O Exército rejeita receber os policiais, e a PM tem área aberta, mas não estrutura para receber o contingente extra.
Nem o uso de barracas de lona de campanha foi descartado para abrigar os homens. "Mas provavelmente não [serão usadas], porque temos outras soluções", disse o coronel, que ia a uma reunião ontem em que trataria o assunto.
O ministro Tarso Genro anunciou que até o fim da próxima semana chegarão ao Rio mais 400 homens, subindo o número total para 1.080.


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