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Primeira vila operária de São Paulo pode abrigar escola técnica
Parte dos seis prédios da Vila Maria Zélia, no Belenzinho, pode sediar colégios técnicos do Centro Paula Souza
Se a viabilidade do projeto
for confirmada, nova escola
deve começar a funcionar
em 2008; prédios foram
cedidos pelo INSS por 5 anos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vila Maria Zélia, primeira
vila operária de São Paulo e
marco de sua industrialização,
poderá abrigar uma escola técnica do Centro Paula Souza.
Localizada no Belenzinho
(zona leste da capital), a vila
possui seis prédios de uso social -dois deles funcionaram
como escolas, uma para meninas e outra para meninos.
De acordo com o secretário
municipal de Cultura, Carlos
Augusto Calil, um ou mais imóveis podem ser transformados
em colégio técnico do Centro
Paula Souza. "Em uma conversa recente com o governo do
Estado, o Centro Paula Souza
se interessou pelo local. Pensávamos em fazer um CEU [Centro Educacional Unificado] na
área, mas não deu certo porque
não havia demanda."
Os prédios, na verdade, são
do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social). Mas, no ano
passado, a Prefeitura de São
Paulo firmou convênio com o
instituto, que lhe cedeu a posse,
por cinco anos, desses imóveis.
A diretora-superintendente
do Centro Paula Souza, Laura
Laganá, confirma o interesse.
"Não existe escola técnica na
região, e a capital está sempre
carente." Ela afirma que fará
uma visita ao local na próxima
quarta-feira para avaliar a possibilidade. "Só não faremos se
não houver condições técnicas." Se a análise for considerada positiva, a nova escola deve
começar a funcionar em 2008.
A vila comemorou seus 90
anos na última quinta-feira.
Como os prédios de uso social
estão bastante degradados,
principalmente o edifício chamado de multiuso, a Secretaria
Municipal de Cultura diz que
usará R$ 200 mil para realizar
obras emergenciais no local
-será feito principalmente o
escoramento de prédios.
No edifício multiuso, por
exemplo, o telhado e algumas
paredes internas já caíram.
A verba virá do Funcap (Fundo de Proteção do Patrimônio
Cultural e Ambiental Paulistano), que concentra multas de
quem danifica bens tombados e
destina recursos para a recuperação de imóveis protegidos pelo patrimônio histórico. A licitação deve ser concluída até o
fim do mês, diz Calil, e a obra
começa na seqüência.
Teatro
A secretaria diz ainda que
pretende manter um espaço
para apresentações de teatro
em um dos prédios de uso social e deixar outra área como
um centro de memória -que
retrate não só a Maria Zélia
mas também as áreas vizinhas.
De 2005 até o fim de 2006, o
prédio da escola dos meninos
servia de cenário para a peça
"Hygiene", do Grupo 19 de Teatro. Em janeiro deste ano, entretanto, o edifício foi fechado
em razão da situação precária
-parte do forro e das vigas que
sustentam o telhado do edifício
caíram- e dos riscos que poderia causar aos atores e público.
"A experiência do grupo de
teatro deu certo e não queremos perder. Mas a definição do
prédio será feita somente após
a escolha dos prédios para a escola técnica", diz Calil. Segundo
ele, tão importante quanto restaurar é dar um destino aos
prédios. "Enquanto não definir
o uso, não resolve o problema."
O aposentado Edelcio Pereira Pinto, 58, que nasceu e até
hoje vive na Maria Zélia, está
feliz em saber que os prédios
serão escorados. "Pelo menos é
alguma coisa", diz ele, que sonha com uma grande revitalização da área.
O aposentado concorda com
a idéia de destinar prédios para
uma escola técnica. "Eu não
concordava com o CEU, porque
as crianças hoje em dia não têm
limites e ficariam fazendo farra
dentro da vila."
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