São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Primeira vila operária de São Paulo pode abrigar escola técnica

Parte dos seis prédios da Vila Maria Zélia, no Belenzinho, pode sediar colégios técnicos do Centro Paula Souza

Se a viabilidade do projeto for confirmada, nova escola deve começar a funcionar em 2008; prédios foram cedidos pelo INSS por 5 anos

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vila Maria Zélia, primeira vila operária de São Paulo e marco de sua industrialização, poderá abrigar uma escola técnica do Centro Paula Souza.
Localizada no Belenzinho (zona leste da capital), a vila possui seis prédios de uso social -dois deles funcionaram como escolas, uma para meninas e outra para meninos.
De acordo com o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, um ou mais imóveis podem ser transformados em colégio técnico do Centro Paula Souza. "Em uma conversa recente com o governo do Estado, o Centro Paula Souza se interessou pelo local. Pensávamos em fazer um CEU [Centro Educacional Unificado] na área, mas não deu certo porque não havia demanda."
Os prédios, na verdade, são do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Mas, no ano passado, a Prefeitura de São Paulo firmou convênio com o instituto, que lhe cedeu a posse, por cinco anos, desses imóveis.
A diretora-superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá, confirma o interesse. "Não existe escola técnica na região, e a capital está sempre carente." Ela afirma que fará uma visita ao local na próxima quarta-feira para avaliar a possibilidade. "Só não faremos se não houver condições técnicas." Se a análise for considerada positiva, a nova escola deve começar a funcionar em 2008.
A vila comemorou seus 90 anos na última quinta-feira. Como os prédios de uso social estão bastante degradados, principalmente o edifício chamado de multiuso, a Secretaria Municipal de Cultura diz que usará R$ 200 mil para realizar obras emergenciais no local -será feito principalmente o escoramento de prédios.
No edifício multiuso, por exemplo, o telhado e algumas paredes internas já caíram.
A verba virá do Funcap (Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano), que concentra multas de quem danifica bens tombados e destina recursos para a recuperação de imóveis protegidos pelo patrimônio histórico. A licitação deve ser concluída até o fim do mês, diz Calil, e a obra começa na seqüência.

Teatro
A secretaria diz ainda que pretende manter um espaço para apresentações de teatro em um dos prédios de uso social e deixar outra área como um centro de memória -que retrate não só a Maria Zélia mas também as áreas vizinhas.
De 2005 até o fim de 2006, o prédio da escola dos meninos servia de cenário para a peça "Hygiene", do Grupo 19 de Teatro. Em janeiro deste ano, entretanto, o edifício foi fechado em razão da situação precária -parte do forro e das vigas que sustentam o telhado do edifício caíram- e dos riscos que poderia causar aos atores e público.
"A experiência do grupo de teatro deu certo e não queremos perder. Mas a definição do prédio será feita somente após a escolha dos prédios para a escola técnica", diz Calil. Segundo ele, tão importante quanto restaurar é dar um destino aos prédios. "Enquanto não definir o uso, não resolve o problema."
O aposentado Edelcio Pereira Pinto, 58, que nasceu e até hoje vive na Maria Zélia, está feliz em saber que os prédios serão escorados. "Pelo menos é alguma coisa", diz ele, que sonha com uma grande revitalização da área.
O aposentado concorda com a idéia de destinar prédios para uma escola técnica. "Eu não concordava com o CEU, porque as crianças hoje em dia não têm limites e ficariam fazendo farra dentro da vila."


Texto Anterior: Pais e professores resistem a horário integral
Próximo Texto: Segurança do Rio vai "muito bem", diz Cabral
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.