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JUSTIÇA
Há um ano, 3 foram mortos em confronto com a polícia em conjunto habitacional; processo está parado desde setembro
Defesa de PMs atrasa processo da Juta
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
A morte de três pessoas em um
confronto com a PM em um conjunto habitacional na Fazenda da
Juta, na zona sudeste de São Paulo, completa um ano amanhã e
não há previsão de quando os quatro policiais acusados irão a julgamento. O processo está parado
desde setembro, quando a defesa
pediu o depoimento de dois deputados estaduais.
Seis meses depois, em março, a
defesa desistiu do depoimento dos
dois deputados e pediu um laudo
particular, que será feito por peritos da Unicamp, mas a Justiça não
estipulou prazo para que a prova
seja apresentada.
Após perícias em fitas de vídeo,
necropsias, uma exumação de cadáver e exames de balística, o inquérito policial conduzido pelo
delegado Antonio Mestre Júnior,
ex-titular da 8ª Seccional, foi concluído e remetido ao Ministério
Público no final de julho.
O promotor Francisco José Taddei Cembranelli, que acompanhava o caso desde o início, apresentou sua denúncia em agosto, acusando de co-autoria nos três homicídios o tenente-coronel José
Izaías Boscatti e o major Ademir
Vitturi. O cabo Carlos Manoel da
Costa e o soldado Rui Pinto da Silva foram acusados por um homicídio cada.
Foram ouvidas as oito testemunhas de acusação, cujos depoimentos terminaram no final de setembro, quando começaram os
depoimentos das testemunhas de
defesa.
Foi então que o caso começou a
emperrar. O advogado que defende os PMs, Norberto da Silva Gomes, arrolou 32 testemunhas, entre elas uma juíza federal e dois deputados estaduais -Edson Ferrarini (PL) e Daniel Marins (PPB),
que fizeram discursos na Assembléia Legislativa de São Paulo, logo
após o caso, elogiando a ação da
PM na Juta.
A lei brasileira impede que os deputados sejam intimados a depor
e, desde então, os depoimentos
dos deputados eram constantemente adiados. "O juiz marcava
com os deputados uma data e, na
véspera, eles alegavam compromissos inadiáveis e faltavam", diz
o promotor.
Quando o depoimento dos deputados estava marcado para 23
de março, após o fim do recesso na
Assembléia Legislativa, a defesa,
no dia 21, desistiu do depoimento
dos deputados e pediu novo laudo, a ser pago pela defesa, na Unicamp. O juiz aceitou o pedido,
mas não foi fixado prazo para a
entrega do laudo. "Eu te pago um
laudo, você vai fazer um laudo
contra mim?", diz o promotor.
"Após três perícias, não sei o
que a defesa está contestando. Não
entendo também por que insistiu
no depoimento desses deputados
e depois desistiu na véspera",
afirma Cembranelli.
"A sociedade espera por esse
julgamento, mas interessa para a
defesa que o processo demore
mais para que caia no esquecimento do povo", diz o promotor.
O advogado Norberto da Silva
Gomes, que defende os PMs, foi
procurado pela reportagem da Folha em seu escritório desde a última quinta-feira, mas não respondeu aos telefonemas.
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