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São Paulo, terça, 19 de maio de 1998
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Texto Anterior | Próximo Texto | Índice "A vida continua", diz viúva de sem-teto
ROGÉRIO PANDA da Folha da Tarde Um ano depois da morte do pedreiro Geracir Reis de Moraes, 43, sua ex-mulher, a dona-de-casa Rosa Maria Sedemaka, 27, está grávida de seis meses. Ela está morando com seu novo companheiro, o metalúrgico Antonio Paulino, 29, em uma casa de dois cômodos em um cortiço, onde o banheiro é coletivo, no Jardim Colonial, em São Mateus (zona sudeste de São Paulo). "É triste, mas a vida continua", disse Rosa. Há um mês, ela conseguiu um advogado e entrou com um processo de indenização contra o Estado. Mas, segundo Rosa, o advogado até agora não lhe deu uma resposta. "Ele não me falou em que pé está o processo". Depois do confronto na Fazenda da Juta, Rosa e seu filho com Moraes, Eduardo Sedemaka, 3, foram morar na casa de sua irmã, a dona-de-casa Maria Cristina Sedemaka, 36, no Parque São Rafael (zona sudeste), onde ficaram quatro meses. O garoto, segundo a mãe, ficou traumatizado com o que viu na manhã em que morreu seu pai. A UMM (União dos Movimentos pela Moradia), movimento integrado pela irmã de Rosa, conseguiu arrumar um psicólogo para a criança. "De um dia para o outro ele ficou ruim, com febre e muito nervoso", afirma. "Ele perguntava pelo pai e eu não sabia o que fazer. Tive que levá-lo a um psicólogo. Hoje o Eduardo conseguiu bloquear a imagem do pai e já se acostumou com o Antonio", afirmou. Paulino, torcedor fanático do São Paulo, foi apresentado a Rosa pelo seu irmão, em um domingo, depois de um jogo de futebol. "O meu irmão o levou para casa depois do jogo, a gente ficou conversando e ele me chamou para morar com ele. Pouco tempo depois eu estava grávida", afirma. Na próxima semana, Rosa irá fazer um exame de ultra-sonografia para saber o sexo da criança que espera para agosto. Na casa de Rosa tem apenas uma TV em cores de 21 polegadas, uma cama de casal, um guarda-roupa, uma geladeira, um fogão, um armário de cozinha, uma mesa e quatro cadeiras. O aluguel é de R$ 150,00. "Foi trágico, mas agora ela vive bem", arremata Paulino. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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