São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATITUDE
Encontro em Nova York foi o 1º em 35 anos
Tatuadores fazem "convenção da dor'

Michael Poor/Folha Imagem
Participantes da 1ª convenção de tatuadores de NY em 35 anos durante concurso de tatuagens


ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Uma festa para quem tem "atitude" e gosta de sentir dor. Nova York teve nesse final de semana a primeira convenção de tatuadores de sua história. Por mais incrível que pareça, a tatuagem esteve proibida na cidade por 35 anos, até 27 de março de 1997, por apresentar "riscos de transmissão de hepatite".
Ninguém jamais deixou de fazer tatuagem em Nova York por causa disso, mas, nesse final de semana, foi a primeira vez que tudo pôde ser feito dentro de uma casa de shows, o salão do Roseland Ballroom, onde a cantora Björk se apresentou na semana passada, com direito a concurso de melhor tatuagem e show sadomasoquista no palco.
Os 70 maiores tatuadores do mundo, do legendário Lyle Tuttle, considerado o pai da tatuagem americana, até o japonês Hori Taku, que ainda usa o método antigo de tatuar com bambu, estiveram no evento.
A vencedora do concurso de melhor tatuagem, a garçonete inglesa Isabel Varley, 58, precisou ficar nua no palco para mostrar todas as partes do corpo que estão tatuadas.
Ela também começou com uma florzinha no tornozelo há 11 anos, foi aumentando, aumentando até que resolveu fazer no corpo inteiro, para mesclar todas as já feitas. "A parte que mais doeu foi realmente a vagina", conta.
O segundo colocado no concurso, John Wornbrger, da Pensilvânia, ainda não tem o corpo completamente tatuado, mas está no caminho. Há cinco anos, faz três horas semanais de tatuagem. A primeira foi um escorpião no pulso, a última (e mais dolorida), um desenho na axila. "É claro que dói, mas gosto de sentir essa dor e me sinto bonito assim", diz.
O alemão Tatto Theo também ficou nu no palco para mostrar seu corpo todo tatuado e ganhou prêmio especial do júri, depois ficou passeando pelo salão usando uma cueca transparente para mostrar suas tatuagens.
No final do evento, como não poderia faltar num tributo à dor, um show sadomasoquista. Primeiro, um número com engolidores de facas. Depois o showman inspira a camisinha pelo nariz e tira pela boca, então começa o show de chicote com sua assistente, que, por fim, decide abrir espacate em cima de cacos de vidros.
"Não é preciso ter participado de outras convenções de "tatoo' para saber que em Nova York é diferente. Não é a melhor cidade do mundo? Então, aqui também é melhor. E olha que eu já até esqueci há quanto tempo estou nisso, mais de 50 anos", disse Lyle Tuttle.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.