São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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TRÂNSITO
Comerciantes alegam que projeto para diminuir carros no centro de Belo Horizonte iria prejudicar vendas
Comércio adia votação do rodízio em MG

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A pressão de entidades ligadas ao comércio de Belo Horizonte impediu ontem a votação do projeto de lei que prevê a implantação do sistema de rodízio de veículos na capital de Minas Gerais.
O projeto deveria ser votado às 15h30, mas, depois de mais de duas horas de discursos inflamados favoráveis e contrários à medida, foi adiado para hoje por falta de quórum.
O plenário, que chegou a ter 30 dos 37 vereadores -quórum suficiente- foi esvaziado às 18h, quando apenas 17 vereadores, dois a menos do que o necessário, se mantiveram no local.
O autor do projeto, vereador Betinho Duarte, líder do PSB, contabilizava pela manhã 22 votos pró-rodízio. Em checagem feita à tarde com alguns presentes no plenário, nove vereadores mantinham o voto favorável, seis iam se abster e nove votariam contra.
Segundo Duarte, os vereadores mudaram de opinião em cima da hora, porque queriam estudar melhor o projeto, que tramita na Casa há três anos.
O líder do PSB não acusa os colegas de terem se rendido a lobbies, mas antes do início da sessão, o presidente da CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas), Eduardo Noronha, foi à Câmara Municipal dizer que é contra o rodízio.
Ele entregou ao autor do projeto carta assinada por oito entidades pedindo que a votação fosse adiada, sob o argumento de que a comunidade e os empresários precisavam discutir a proposta.
Assinaram a carta, além da CDL, a Federação do Comércio de Minas, a Associação Médica, o Sindicato da Indústria da Construção Civil, a União dos Varejistas, a Associação Mineira dos Supermercados e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas.
Na opinião de Noronha, o comércio de Belo Horizonte terá prejuízos com o rodízio. A redução do número de veículos circulando no centro da cidade diminuiria o número de pessoas e, consequentemente, a venda nas lojas. Ele não apresentou números.
O autor do projeto comunicou ao prefeito Célio de Castro (PSB) o pedido das entidades. Castro determinou que o projeto continuasse em pauta.
O projeto prevê a limitação da circulação de veículos de segunda a sexta-feira, na região central, por critério de final de placas. Os detalhes de período e locais de restrição serão definidos pelo Executivo.
A intenção é reduzir em 15% da frota que circula diariamente na região central da cidade, que hoje é de 400 mil veículos.
Os vereadores contrários ao projeto argumentam que não faz sentido implantar rodízio em Belo Horizonte, já que o motivo para a adoção não é ambiental.



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