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TRÂNSITO
Comerciantes alegam que projeto para diminuir carros no centro de Belo Horizonte iria prejudicar vendas
Comércio adia votação do rodízio em MG
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A pressão de entidades ligadas
ao comércio de Belo Horizonte
impediu ontem a votação do projeto de lei que prevê a implantação
do sistema de rodízio de veículos
na capital de Minas Gerais.
O projeto deveria ser votado às
15h30, mas, depois de mais de
duas horas de discursos inflamados favoráveis e contrários à medida, foi adiado para hoje por falta
de quórum.
O plenário, que chegou a ter 30
dos 37 vereadores -quórum suficiente- foi esvaziado às 18h,
quando apenas 17 vereadores, dois
a menos do que o necessário, se
mantiveram no local.
O autor do projeto, vereador Betinho Duarte, líder do PSB, contabilizava pela manhã 22 votos
pró-rodízio. Em checagem feita à
tarde com alguns presentes no plenário, nove vereadores mantinham o voto favorável, seis iam se
abster e nove votariam contra.
Segundo Duarte, os vereadores
mudaram de opinião em cima da
hora, porque queriam estudar melhor o projeto, que tramita na Casa
há três anos.
O líder do PSB não acusa os colegas de terem se rendido a lobbies,
mas antes do início da sessão, o
presidente da CDL-BH (Câmara
de Dirigentes Lojistas), Eduardo
Noronha, foi à Câmara Municipal
dizer que é contra o rodízio.
Ele entregou ao autor do projeto
carta assinada por oito entidades
pedindo que a votação fosse adiada, sob o argumento de que a comunidade e os empresários precisavam discutir a proposta.
Assinaram a carta, além da CDL,
a Federação do Comércio de Minas, a Associação Médica, o Sindicato da Indústria da Construção
Civil, a União dos Varejistas, a Associação Mineira dos Supermercados e a Federação das Câmaras de
Dirigentes Lojistas.
Na opinião de Noronha, o comércio de Belo Horizonte terá
prejuízos com o rodízio. A redução do número de veículos circulando no centro da cidade diminuiria o número de pessoas e, consequentemente, a venda nas lojas.
Ele não apresentou números.
O autor do projeto comunicou
ao prefeito Célio de Castro (PSB) o
pedido das entidades. Castro determinou que o projeto continuasse em pauta.
O projeto prevê a limitação da
circulação de veículos de segunda
a sexta-feira, na região central, por
critério de final de placas. Os detalhes de período e locais de restrição serão definidos pelo Executivo.
A intenção é reduzir em 15% da
frota que circula diariamente na
região central da cidade, que hoje
é de 400 mil veículos.
Os vereadores contrários ao projeto argumentam que não faz sentido implantar rodízio em Belo
Horizonte, já que o motivo para a
adoção não é ambiental.
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