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DESABAMENTO
Segundo instituto de criminalística, 78% dos pilares foram feitos com coeficiente de segurança abaixo do exigido
Laudo aponta erro nos pilares do Palace 2
FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio
O edifício Palace 2 desabou devido a um erro generalizado em seu
projeto de construção: 78% dos
pilares do edifício foram construídos com coeficiente de segurança
abaixo do estabelecido pela ABNT
(Associação Brasileira das Normas
Técnicas).
Mas a causa principal do desabamento, que provocou a morte de
oito pessoas no dia 22 de fevereiro,
foi o subdimensionamento dos pilares P4 e P44.
Os dois pilares deveriam ter capacidade para sustentar 480 toneladas, mas foram construídos para
suportar somente 230, devido a
uma falha no detalhamento da armação. Esse erro no detalhamento
-adiantado pela Folha no dia 21
de abril- aconteceu no momento
em que o calculista José Roberto
Chendes transformou o projeto do
prédio em desenhos, para facilitar
o trabalho de construção.
Segundo a ABNT, um pilar deve
ter o coeficiente mínimo de segurança 1,4. O P4 e o P44 apresentaram o coeficiente de 0,66.
Esse é o resultado do laudo do
ICCE (Instituto de Criminalística
Carlos Éboli), divulgado ontem,
quase três meses após a tragédia.
O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto -responsável pelo inquérito que apura os responsáveis
pelo desabamento- deve anunciar hoje pela manhã o resultado
desse inquérito.
Antes da conclusão do laudo pericial, o delegado já havia afirmado que o processo "caminhava
para o indiciamento" de José Roberto Chendes, projetista estrutural do prédio, e do ex-deputado
Sérgio Naya, dono da construtora
Sersan. Na ocasião, o delegado
afirmou que só faltava saber qual
seria a acusação, já que a participação dos dois era "evidente".
Em seu depoimento à polícia,
Chendes admitiu a existência de
erros no projeto, mas afirmou que
eles não seriam suficientes para
causar o desabamento. Naya não
compareceu à polícia para depor.
Os peritos do ICCE também
constataram a ausência de ganchos que deveriam amarrar a estrutura dos pilares. Segundo o laudo, o material utilizado na construção passou nos testes e não pode ser apontado como uma das
causas do desabamento.
O subdimensionamento de pilares já tinha sido descoberto no Palace 1, prédio vizinho que foi construído com a mesma planta e está
interditado desde o desabamento.
As obras de recuperação estrutural devem acabar no final deste
mês, quando 150 famílias poderão
retornar aos apartamentos.
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