São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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Afastamentos por corrupção podem chegar a 330

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo poderá afastar nos próximos dois meses cerca de 330 funcionários acusados de crimes, sobretudo corrupção. São servidores de vários órgãos -principalmente administrações regionais, serviço funerário e saúde- que foram citados em denúncias nos 15 meses de existência da Ouvidoria e contra os quais há indícios fortes, segundo o ouvidor, Benedito Mariano.
No total, 870 servidores foram denunciados à Ouvidoria. Contra 420 deles as denúncias eram banais ou frágeis. Dos 450 que sobram, 50% são das regionais e 50% do resto da máquina. Retirados desse total os ex-servidores e os que já sofreram punições pelo ato irregular, sobram cerca de 330, segundo o ouvidor.
O afastamento é preliminar e deve ser mantido enquanto durarem as investigações. A ordem para que o afastamento seja a medida adotada por todos os órgãos da administração municipal direta e indireta foi publicada ontem no "Diário Oficial" do município pela prefeita Marta Suplicy (PT).
O decreto determina que os funcionários sejam removidos para outra unidade do mesmo órgão e que seus nomes não sejam divulgados, limitando-se o "Diário Oficial" a informar o número de seu registro e seu cargo. Aos servidores, não cabe contestação.
Em casos extremos, caberá suspensão do investigado para garantir o andamento da apuração.

O primeiro lote
A primeira lista de funcionários suspeitos será encaminhada hoje pelo ouvidor ao secretário de Implementação das Subprefeituras, Jilmar Tatto. Ela contém 118 nomes de funcionários das administrações regionais que figuram como suspeitos de corrupção em apurações instauradas entre 1998 e este ano na Ouvidoria Geral, na PGM (Procuradoria Geral do Município), na Polícia Civil e no Ministério Público -alguns dos órgãos que integram a Força-Tarefa do Município. No ofício, Mariano reforça a necessidade de afastamento preliminar dos servidores.
"A maioria deles é acusada de cobrar propina. Mas o mais curioso é que a maioria não é fiscal. São motoristas, ajudantes, engenheiros, arquitetos, contadores", diz Mariano. "Pelo menos 20% têm curso superior. Por tudo isso, o termo "máfia dos fiscais" não é mais adequado. Ele restringe a leitura do esquema de corrupção."
De acordo com o ouvidor, quando foram denunciados, os 118 funcionários estavam espalhados por nove regionais. Com os remanejamentos, podem hoje estar nas 28 unidades.
(SC e CG)

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