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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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TRANSPORTE

Grevistas voltaram ao trabalho ontem à noite, mas ameaçam retomar protesto se reivindicação não for atendida

Paralisação de metroviários é suspensa

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Usuários de metrô cruzam estação Tatuapé em busca de ônibus


DA REPORTAGEM LOCAL

Os metroviários de São Paulo decidiram ontem suspender temporariamente a greve da categoria, que deixou 2,5 milhões de usuários sem transporte por dois dias e foi responsável pela maior marca de congestionamento deste ano pela manhã na cidade.
A decisão dos trabalhadores foi tomada à tarde, em assembléia, e eles começaram a retomar a operação dos trens às 19h30.
A suspensão da paralisação foi decidida sem que houvesse uma definição do reajuste salarial de 18,13% reivindicado pelos metroviários. A trégua do sindicato vai até quarta-feira. "Se, até lá, não tivermos uma decisão que satisfaça a categoria, a greve recomeça na quinta-feira, por tempo indeterminado", disse Flávio Montesinos Godoi, presidente da entidade.
A posição de não manter a paralisação também atendeu a uma solicitação do ministro Francisco Fausto, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), depois de uma tentativa de conciliação, em Brasília, entre os trabalhadores e a diretoria do Metrô.
O reajuste de 18,13% foi determinado, no dia 29 de maio, pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho). A empresa não cumpriu a decisão sob a alegação de que não tem recursos e pediu ao TST um efeito suspensivo.
O TST chegou a propor ao Metrô ontem um reajuste de 8% imediatamente e de 8% a partir de janeiro. A sugestão será analisada pela empresa (que oferecia 8% de aumento e 8% de abono, benefício não incorporado ao salário), mas deve encontrar resistência entre os metroviários, que já haviam obtido 18,13% no TRT. "Está muito aquém das expectativas. Seria muito difícil passar na assembléia", afirmou Godoi.
Na próxima segunda-feira, a paralisação de dois dias (a primeira desde 2001) será julgada no TRT, que já havia sugerido uma multa diária de R$ 200 mil por não ter havido um sistema de emergência com 100% dos trens nos picos e 80% no restante do dia. O Ministério Público do Trabalho opinou pela abusividade do movimento.
O Metrô também poderá ser punido por não ter pago os 18,13% de reajuste aos 8.000 funcionários após a decisão do TRT.
Na próxima terça-feira, as duas partes voltarão a se reunir no TST, que deu um prazo até quarta-feira para julgar um pedido do Metrô de suspensão da decisão do TRT sobre a elevação salarial.
O presidente do Metrô, Luís Carlos Frayze David, disse que a perda de receita da empresa nos últimos dois dias ultrapassou R$ 5 milhões. "Ela só piora as nossas possibilidades financeiras", afirmou David. "A greve não precisava ter acontecido. Voltamos à mesa de negociação, de onde nunca quisemos sair", completou.
A Folha apurou que a sugestão do TST é vista com simpatia na Companhia do Metropolitano, que teme ser derrotada no julgamento do efeito suspensivo. O ministro Francisco Fausto deu sinais de que não deverá considerar a situação financeira da empresa em sua decisão, como queria a diretoria do Metrô. (ALENCAR IZIDORO, DAYANNE MIKEVIS E SIMONE IWASSO)


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