São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003 |
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Sem o metrô, houve recorde de lentidão; inversão térmica e falta de chuva ajudaram a formar uma névoa de poluição Greve piora até a qualidade do ar na cidade
DA REPORTAGEM LOCAL Recorde de congestionamento, inversão térmica e falta de chuva há mais de 15 dias. Esses foram os fatores que provocaram a formação de uma névoa de poluição que tomou conta de São Paulo durante todo o dia de ontem. A greve do Metrô e a véspera do feriado incentivaram o paulistano a tirar o carro da garagem. Às 9h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou 126 km de congestionamento, recorde do ano para o período. A média para o horário é de 60 km. Às 19h, a cidade teve 130 km de congestionamento e lentidão nas principais ruas e avenidas. Sem o metrô, houve um aumento de 700 mil carros nas ruas, 20% da frota paulistana, de 3,5 milhões, de acordo com a CET. O resultado do acréscimo de veículos e da estiagem típica do outono pôde ser conferido nos boletins da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Ontem, das 27 estações em funcionamento que verificam a qualidade do ar da região metropolitana, quatro delas apontaram condições inadequadas do ambiente e 23 registraram índices regulares. Os registros são qualificados em mau, inadequado, regular e bom. As condições do ar também foram influenciadas por uma inversão térmica, segundo Marcelo Seluchi, do CPtec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos). Ele diz que o fenômeno dá origem a uma espécie de "tampa", que limita o espaço na atmosfera para a dispersão dos poluentes. Ontem, essa "tampa" estava a cerca 1 km de altura em relação à superfície da cidade. A distância adequada é de pelo menos 3 km. Além disso, não chove na capital paulista há mais de 15 dias, o que impossibilita a diminuição da quantidade de poeira suspensa no ar. De acordo com o CPtec, existe pouca possibilidade de chuva nesta semana. Transtornos Por causa da greve e da proximidade do feriado, a SPTrans aumentou a frota de veículos com destino aos terminais rodoviários Tietê, Jabaquara e Barra Funda. A empresa manteve também 100% da frota rodando o dia todo, sem variação entre os horários de pico e o restante do dia. A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) esperava para ontem o mesmo movimento registrado anteontem, primeiro dia da greve. A estação Luz registrou aumento de 147% no número de passageiros transportados, cerca de 22 mil diariamente. Na estação Dom Bosco, na linha E, o número de passageiros aumentou 139%. A estação Barra Funda, por onde passam as linhas A, D e B do trem, foi utilizada como alternativa à malha metroviária: por ali passaram 95% passageiros a mais. Mesmo assim, quem utilizou do transporte público sofreu com filas e falta de lugares. O segurança Paulo Antônio Nunes da Silva, 34, após desistir do ônibus, caminhou cerca de 5 km para chegar ao trabalho. Para o corretor Leandro Roberto de Paula, 27, ir de casa ao trabalho andando não foi uma boa idéia. Ele, que mora perto da estação Saúde e trabalha em uma empresa no Itaim Bibi, tentou, no primeiro dia da greve, fazer o caminho a pé. Como está acostumado a usar o metrô, não conhecia bem o trajeto e acabou se perdendo. A solução foi telefonar para a empresa, que enviou um motoboy para buscá-lo. Ao todo, foram quatro horas para fazer o caminho que costuma fazer em 30 minutos. Texto Anterior: Transporte: Paralisação de metroviários é suspensa Próximo Texto: Ameaças radicalizam movimento, diz sindicato Índice |
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