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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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SANTO ANDRÉ

Sandro Luiz, 24, estava na casa da namorada quando os militares que o escoltavam foram vítimas de suposto assalto

Dois seguranças de filho de Lula são baleados

ALESSANDRO SILVA
GILMAR PENTEADO

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois militares do Exército que escoltavam um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Sandro Luiz, 24, foram baleados ontem à noite na periferia de Santo André, na Grande São Paulo, em um suposto assalto.
O crime ocorreu por volta das 19h45 na Alameda Calcutá, Vila Metalúrgica, bairro residencial onde mora a namorada do filho do presidente. Sandro, que estava dentro da casa com ela na hora do ataque, nada sofreu.
Dois homens armados teriam abordado os seguranças do filho do presidente, que estavam na rua, em pé, ao lado de um Astra verde, alugado pela Presidência.
Segundo o assessor comercial Sandro Blasquez, 32, que presenciou o suposto assalto a uma distância de 50 metros, os militares, que estavam à paisana, foram rendidos por dois homens. Ao revistar um dos militares, um dos homens encontrou uma arma. O segurança teria então se identificado como policial, levando de imediato um tiro no rosto.
O outro militar teria corrido em direção à esquina, sendo perseguido e baleado duas vezes pela dupla de agressores. ""Foram muitos tiros", disse a testemunha.
Perto dali, a aposentada Aparecida Rodrigues Neto, 73, viu tudo, paralisada de medo na calçada. Ela estava indo à casa da namorada do filho do presidente buscar o neto de 11 anos. "Só percebi que era um assalto porque eles voltaram e pegaram o carro", disse.
Moradores ouviram 20 disparos. O subtenente do Exército Alcir José Tomazi, 35, foi baleado na cabeça. O cabo Nivaldo Ferreira dos Santos, 30, levou tiros na mão e no tórax. Ambos foram levados pela polícia a hospitais da região. O primeiro estava internado ontem à noite em estado grave, e o outro, fora de perigo.
O crime ocorreu meia hora depois de o filho do presidente chegar de carro com os militares. Ele estava no quarto, arrumando as malas da namorada para uma viagem quando ouviu a sequência de tiros. Sandro pediu calma e levou todos os que estavam na casa para um dos quartos do sobrado.
Os dois homens fugiram levando o carro da escolta, localizado minutos depois no bairro Utinga, na mesma região da cidade. Ontem à noite, as polícias Civil e Militar realizavam operações no ABC paulista para tentar prender os envolvidos. Na fuga, a dupla teria roubado um segundo carro.

Filho do governador
Não foi o primeiro ataque a escoltas de parentes de autoridades em São Paulo. Em outubro do ano passado, dois PMs que faziam a segurança do filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Thomaz Alckmin, 19, foram baleados na Vila Mariana (zona sul de SP).
Assim como no caso do filho de Lula, Thomaz estava na casa da namorada, enquanto os seguranças esperavam no carro -um Vectra-, estacionado em frente.
O PM Diógenes Barbosa Paiva, 38, levou dois tiros e morreu. Adoniran Francisco dos Santos Júnior, 29, foi atingido no pescoço, sobreviveu e reconheceu um dos atiradores. A polícia concluiu que houve tentativa de assalto e prendeu quatro homens.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República abriu um inquérito policial militar para averiguar o caso e identificar os agressores, segundo nota oficial divulgada ontem pela assessoria do Palácio do Planalto.
O delegado seccional de Santo André, George Henry Millard, disse ontem que a ação não visava o filho do presidente, mas o carro.
Vizinhos disseram à Folha que a namorada de Sandro morava no sobrado havia menos de um ano. O Astra e os seguranças eram vistos com frequência ali.


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