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NA JUSTIÇA
Após depoimentos de acusação, advogado diz ter certeza da inocência de vereador; Ministério Público discorda da opinião e diz que há provas
Viscome dispensa testemunhas de defesa
da Reportagem Local
Dez vítimas do
esquema de propina da Administração Regional da Penha
prestaram depoimento ontem à Justiça.
Todas elas afirmaram ter sido extorquidas por fiscais da regional,
mas negaram ter entregado dinheiro ao vereador Vicente Viscome (expulso do PPB).
Após os depoimentos, o advogado de Viscome, Ademar Gomes,
afirmou que irá desistir de convocar as testemunhas de defesa a que
teria direito. "Como ninguém acusa o vereador, não tenho motivos
para apresentar testemunhas de
defesa. Quero agilizar o processo,
porque tenho certeza de que o Viscome será absolvido", declarou
Ademar Gomes.
Mas o Ministério Público discorda da avaliação de Gomes. Para o
promotor Gilberto Leme Garcia,
que acompanhou todos os depoimentos do caso na Justiça, há provas materiais e testemunhais do
envolvimento de Viscome na máfia que agia na Penha. Ele acredita
na condenação do vereador.
Viscome, vereador em segundo
mandato, está preso há três meses
no 29º DP (Vila Diva, zona sudeste
de São Paulo), acusado de concussão e formação de quadrilha. Segundo a acusação, o vereador comandava um esquema de propina
na Regional da Penha, que era controlada politicamente por ele.
Mesmo preso, Viscome tem uma
licença judicial que o permite participar de todas as sessões da Câmara Municipal, às terças, quartas
e quintas-feiras.
Os dez depoimentos de ontem
evidenciaram a existência do esquema de corrupção. Na semana
passada, outras dez vítimas já haviam prestado depoimentos com o
mesmo teor.
Metade dos depoentes de ontem
era composta de donos de bancas
de jornal na região da Penha. Todos eles afirmaram ter pago propina aos fiscais Nilton Figueiredo da
Silva e Nélson Gomes para a banca
poder continuar funcionando.
O valor pago pelos donos das
bancas variou entre R$ 2.000 e R$
4.000. Após o primeiro pagamento, eles afirmam ter sido obrigados
a pagar entre R$ 100 e R$ 200 semanais aos mesmos fiscais.
Dois donos de banca de frutas
afirmaram ter sido procurados pelo engenheiro Luiz Carlos Ferraz
Pessoa, nomeado por Viscome para a regional. Pessoa, segundo os
depoentes, pediu R$ 5.000 para autorizar o funcionamento das barracas, que eram ilegais.
Os dois últimos depoentes faziam reformas em suas casas e dizem ter sido extorquidos pelo fiscal Clóvis Feitosa para as obras não
serem embargadas.
Na próxima sexta-feira prestam
depoimento as últimas 11 testemunhas de acusação. Na semana seguinte, seria a vez das testemunhas
de defesa, que devem ser dispensadas por Viscome.
Segundo o juiz Rui Porto, da 8ª
Vara Criminal, a sentença dos envolvidos no caso da Penha deve
sair em um mês.
(OTÁVIO CABRAL)
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