São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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MEIO AMBIENTE
Para diretor da Solvay, pesquisas indicaram que seu produto não contém o mais perigoso elemento das dioxinas
Empresa admite "toxicidade limitada"

do Conselho Editorial

Rogério Fragale, diretor industrial da Solvay, diz que exaustivas pesquisas feitas pela empresa comprovaram que, na cal por ela produzida, há de fato elementos tóxicos, mas não se encontra o mais perigoso elemento das dioxinas, qual seja o conhecido pela designação de 2378TCCD.
O que as pesquisas comprovaram é que há "alguns componentes de toxicidade extremamente limitada". Por essa razão, a Solvay suspendeu tanto a produção quanto a comercialização da cal em agosto de 1998, justamente quando a Cetesb interditou o depósito.
"Podemos afirmar que a nossa cal não é responsável pela contaminação da polpa cítrica, porque as impressões digitais não coincidem com as da nossa cal", diz Fragale, que compara os testes feitos com a cal ao exame de DNA para verificação de paternidade.
Foi justamente a contaminação da polpa cítrica, descoberta na Alemanha (leia texto nesta página), que levou a União Européia a proibir seus 15 países membros de importar a polpa cítrica do Brasil.
De todo modo, como há inequivocamente elementos tóxicos na cal da Solvay, a empresa contratou uma análise de risco, que está sendo terminada pelo perito Flávio Zambroni e deverá ser entregue no mês que vem.
Uma vez que o laudo comprove que não há risco na cal usada na construção civil, a empresa pretende retomar a venda nesse segmento específico.
A Solvay, uma empresa que tem o certificado de qualidade ISO 14001, se comprometeu com a Cetesb a apresentar também no mês que vem um plano completo para o problema representado pelo depósito de cal contaminado.
Para um futuro mais remoto, a Solvay diz ter também planos para evitar que as sobras de seu processo industrial (produtos químicos) continuem alimentando o rio Grande, que deságua justamente na Billings, principal reservatório de água para a Grande São Paulo.
José Luiz Saikali, promotor de Justiça da área de Meio Ambiente de Santo André, fará na próxima semana, com dois técnicos do Ministério Público, uma visita à empresa para uma verificação in loco da situação, em busca, entre outras coisas, de certificar-se de que a cal contaminada não foi vendida para uso em fertilizantes.
Fragale diz que a empresa tem afirmações da Minercal garantindo que a cal foi vendida apenas para fins de construção civil, mas admite que, no caso da Carbotex, "existe algo mais".
Existe porque a Solvay vende à Carbotex uma cal úmida (60% de água e apenas 40% de cal virgem), e esta mistura outras cales para efeito de comercialização. Foi em uma amostra da cal vendida pela Carbotex que se detectou a presença de elementos tóxicos. (CR)


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