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EDUCAÇÃO
Por falta de espaço, colégio de Goiânia distribuiu os livros no banheiro dos funcionários, que não foi desativado
Escola monta biblioteca dentro de banheiro
JAIRO MARQUES
da Agência Folha
É dentro do banheiro dos funcionários da escola municipal César
da Cunha Bastos, na periferia de
Goiânia (GO), que funciona a biblioteca do colégio.
A decisão de colocar os cerca de
400 livros no banheiro, que não foi
desativado e funciona normalmente, foi tomada pela direção da
escola devido à falta de espaço.
O colégio atende 680 alunos em
três turnos e, além da "banheiroteca", como os alunos apelidaram o
local, possui uma sala de aula feita
de madeira. As atividades físicas
são feitas em um espaço ao lado do
prédio, pois não há quadra de esportes.
"Não temos espaço para nada e
temos que receber todos os alunos.
Colocar a biblioteca no banheiro
foi a única opção", disse a diretora
da escola, Silda Maria de Freitas.
O colégio César da Cunha vai fazer parte do projeto "Escola do Século 21", promovido pela Prefeitura de Goiânia, que tem como objetivo fazer das escolas municipais
modelos em ensino e em estrutura.
"Eu queria outra biblioteca. Nessa a gente tem de aguentar o mau
cheiro", disse Daniele Estivar Furtado, 8, que cursa a segunda série
do ensino fundamental.
O chefe do departamento de biblioteconomia da USP (Universidade de São Paulo), Edmir Perrotti, disse que colocar uma biblioteca
dentro de um banheiro é uma
"aberração" e um "desrespeito total às crianças e aos funcionários"
da escola.
"Eu nunca tinha visto isso, ultrapassou todos os limites do desrespeito. É preciso divulgar o valor
simbólico do espaço (biblioteca).
Não é possível misturar livros com
latrina", afirmou Perrotti.
Jonathas Silva, secretário municipal da Educação em Goiânia, disse que já sabia da existência da
"banheiroteca".
"É um fato lamentável. Não poderia ter acontecido nunca. Já havíamos repassado recurso para a
Secretaria de Obras construir uma
biblioteca e uma sala de aula na escola, mas, infelizmente, a empreiteira atrasou o início da obra."
O secretario disse que na segunda-feira as paredes das novas salas
começam a ser erguidas.
A mesma escola também ganhou
notoriedade por ter uma sala de
aula de madeira pintada de cor-de-rosa. Ela funciona desde janeiro
deste ano e foi construída porque
não havia mais onde acomodar os
alunos, informou a direção do colégio, que tem ao todo sete salas.
O "caixote cor-de-rosa", como
ficou batizado o local pelos estudantes, abriga 72 alunos em dois
turnos 30 do ensino básico pela
manhã e 42 do ensino fundamental à tarde e já desabou duas vezes.
"Quando chove não tem jeito. Os
alunos têm que sair da sala. Certa
vez, desabou tudo dez minutos antes de as crianças saírem. É um perigo", disse a diretora.
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