São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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CÂNCER DE MAMA
A taxa de resposta é de 60%, a maior já alcançada
Associação de drogas alcança taxa recorde de redução de tumor

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

Pesquisa norte-americana divulgada recentemente traz uma boa notícia para mulheres que fazem tratamento contra câncer de mama, tipo de tumor que mais atinge o sexo feminino.
A combinação de duas drogas que vinham sendo utilizadas como terceira ou quarta opções dentre todas as terapias existentes para tratamento de câncer de mama revelou-se a mais eficaz na redução do tumor.
O estudo foi comandado pelo oncologista Jean-Marc Nabholtz, do Instituto do Câncer de Edmonton, no Canadá, e seus resultados foram anunciados em congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizado em maio, em Atlanta (EUA). O estudo avaliou eficácia, segurança e sobrevida em 149 pacientes.
Uma substância descoberta recentemente, chamada docetaxel (proveniente de pinheiros da Europa e EUA), combinada com o antibiótico doxorrubicina -já utilizado há 20 anos no tratamento de câncer de mama-, resultou numa taxa geral de resposta (redução do tumor) de 60% nas pacientes que participaram do estudo.
Essa é a maior taxa de resposta já alcançada no tratamento de câncer de mama.
A associação de drogas mais utilizada até então, a doxorrubicina com ciclofosfamida, apresenta uma taxa de resposta de 47%.
"Estatisticamente, essa diferença é muito significante", diz o oncologista Adalberto Broecker Neto, coordenador de um encontro de oncologistas que ocorre hoje, em São Paulo, para divulgar os principais assuntos discutidos no congresso de Atlanta.
A eficácia do docetaxel já havia sido atestada por outros estudos, mas os resultados agora anunciados trazem mudanças para o tratamento do câncer de mama, dizem os médicos.
"Há duas décadas não se observavam resultados tão expressivos em relação ao tratamento da doença", diz o oncologista Paulo Pizão, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A cada ano, surgem cerca de 32 mil novos casos da doença no Brasil.

País já usa
A associação docetaxel/doxorrubicina vem sendo usada no Brasil há cerca de quatro anos, mas como os estudos até então não apontavam tamanha eficácia, os médicos só a usavam quando outras terapias não funcionavam.
"A partir de agora, essa combinação passa ser a primeira opção dos médicos num tratamento quimioterápico", afirma Broecker Neto.
As duas substâncias já são utilizadas em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) que oferecem tratamento quimioterápico, como o Pérola Byington e o Hospital Brigadeiro, ambos em São Paulo.
Várias clínicas particulares também possuem as duas drogas quimioterápicas.
Outros estudos, ainda em fases preliminares, sugerem que a associação dessas substâncias também é eficaz para tratamento de câncer de pulmão e próstata.


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