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FAB abrandou rigor para fechar pista com chuva
KLEBER TOMAZ
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aeronáutica abrandou os
procedimentos para fechamento da pista principal do aeroporto de Congonhas nas situações de chuva antes do acidente com a aeronave da TAM.
A informação foi dada à Folha por dois oficiais da FAB
(Força Aérea Brasileira) que
trabalham diretamente com os
profissionais do espaço aéreo e
que foram contra a medida.
Antes das obras nas pistas
principal e auxiliar de Congonhas, neste ano, uma reunião
entre os órgãos da aviação definiu que toda vez que começasse a chover as operações de
pouso e decolagem seriam suspensas para a Infraero -que
gerencia aeroportos- aferir as
condições de aquaplanagem.
Nos últimos dias, chefes do
SRPV (Serviço Regional de
Proteção ao Vôo) avaliaram
que a "rigidez" não era mais necessária, porque as obras tinham sido parcialmente concluídas -mesmo sem ranhuras
que ajudam a escoar a água.
Eles definiram, então, que
não era mais preciso suspender
os pousos e decolagens para
avaliar a situação em qualquer
caso de chuva, mas somente
quando algum piloto reclamasse da pista escorregadia.
O receio de quem foi contra a
mudança era que a pista não
estava ideal sem as ranhuras e
que esperar um alerta dos pilotos poderia retardar a tomada
de decisões. A alegação dos defensores da alteração é que isso
evitaria as interrupções e atrasos desnecessários.
Anteontem, por volta das
17h10, houve a decisão de verificar a situação depois que um
piloto da Gol avisou a torre de
que a pista estava escorregadia.
A torre de controle, então,
suspendeu as operações até as
17h35 para que a Infraero pudesse medir a lâmina d'água.
Nesse período, representantes da Infraero disseram ao
chefe da equipe da torre de
controle de Congonhas que havia condições de operação.
O coronel Carlos Minelli de
Sá, chefe do SRPV, e um oficial
foram informados e não viram
obstáculos para liberar a volta
dos pousos e decolagens.
Houve divergência com outros controladores de vôo, que
viam risco por conta da chuva.
A insatisfação teria sido manifestada a Minelli de Sá e ao tenente-coronel Delany Lopes.
O chefe do SRPV não negou
nem confirmou a versão. Disse
que há "muita especulação".
Lopes não foi localizado ontem
à noite. Pela manhã, disse: "A
responsabilidade de dizer se a
pista está boa é da Infraero".
A estatal diz que a liberação
da pista é atribuição do SRPV.
Questionado sobre a decisão
de só suspender as operações a
partir do relato de pilotos, Minelli de Sá disse que não há regras simplistas e que tudo depende de uma série de fatores.
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