São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

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FAB abrandou rigor para fechar pista com chuva

KLEBER TOMAZ
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Aeronáutica abrandou os procedimentos para fechamento da pista principal do aeroporto de Congonhas nas situações de chuva antes do acidente com a aeronave da TAM.
A informação foi dada à Folha por dois oficiais da FAB (Força Aérea Brasileira) que trabalham diretamente com os profissionais do espaço aéreo e que foram contra a medida.
Antes das obras nas pistas principal e auxiliar de Congonhas, neste ano, uma reunião entre os órgãos da aviação definiu que toda vez que começasse a chover as operações de pouso e decolagem seriam suspensas para a Infraero -que gerencia aeroportos- aferir as condições de aquaplanagem.
Nos últimos dias, chefes do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo) avaliaram que a "rigidez" não era mais necessária, porque as obras tinham sido parcialmente concluídas -mesmo sem ranhuras que ajudam a escoar a água.
Eles definiram, então, que não era mais preciso suspender os pousos e decolagens para avaliar a situação em qualquer caso de chuva, mas somente quando algum piloto reclamasse da pista escorregadia.
O receio de quem foi contra a mudança era que a pista não estava ideal sem as ranhuras e que esperar um alerta dos pilotos poderia retardar a tomada de decisões. A alegação dos defensores da alteração é que isso evitaria as interrupções e atrasos desnecessários.
Anteontem, por volta das 17h10, houve a decisão de verificar a situação depois que um piloto da Gol avisou a torre de que a pista estava escorregadia.
A torre de controle, então, suspendeu as operações até as 17h35 para que a Infraero pudesse medir a lâmina d'água.
Nesse período, representantes da Infraero disseram ao chefe da equipe da torre de controle de Congonhas que havia condições de operação.
O coronel Carlos Minelli de Sá, chefe do SRPV, e um oficial foram informados e não viram obstáculos para liberar a volta dos pousos e decolagens.
Houve divergência com outros controladores de vôo, que viam risco por conta da chuva. A insatisfação teria sido manifestada a Minelli de Sá e ao tenente-coronel Delany Lopes.
O chefe do SRPV não negou nem confirmou a versão. Disse que há "muita especulação". Lopes não foi localizado ontem à noite. Pela manhã, disse: "A responsabilidade de dizer se a pista está boa é da Infraero".
A estatal diz que a liberação da pista é atribuição do SRPV.
Questionado sobre a decisão de só suspender as operações a partir do relato de pilotos, Minelli de Sá disse que não há regras simplistas e que tudo depende de uma série de fatores.


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