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Taxistas oficiais e ilegais se enfrentam em Congonhas
Cerca de 80 taxistas clandestinos atuam livremente no aeroporto de SP
"Arrastador" ganha R$ 2 por passageiro de táxi clandestino; disputa é razão de ameaças e brigas entre os taxistas
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
O passageiro pode não
perceber, mas o aeroporto de
Congonhas (zona sul de SP),
o segundo mais movimentado do país, é terra de ninguém quando se trata de táxi.
Cerca de 80 taxistas clandestinos atuam livremente
no aeroporto em busca de
passageiros; a fiscalização é
precária e não inibe a prática.
Incentivada pela ação ineficaz do poder público, deflagrou-se uma guerra silenciosa entre ilegais e os 1.077 taxistas autorizados pela prefeitura a trabalhar no ponto.
Os cadastrados acusam os
ilegais de lhes roubar passageiros, que dizem estar ali
pois têm de trabalhar. A invasão de ponto é proibida pela
prefeitura. A tensão é frequente. A Folha colheu relatos de ameaças e brigas. Todos só aceitaram conversar
sob anonimato.
"Isso aqui é uma bomba
prestes a explodir", disse um
dos taxistas autorizados. Outro afirmou ter sido ameaçado de morte com revólver,
três meses atrás, ao abordar
um ilegal. Não foi à polícia
por medo, afirma.
Entre os clandestinos, um
taxista de 56 anos mostrou as
costas machucadas em
agressão no início do ano.
Obra, diz ele, dos "pitbulls",
taxistas de colete que a cooperativa responsável pelo
ponto de Congonhas coloca
para andar pelo aeroporto.
Por três dias, a Folha
acompanhou em Congonhas
o trabalho dos clandestinos.
A atuação ocorre no embarque e no saguão central,
próximo à praça de alimentação. O serviço começa com os
"arrastadores", que discretamente oferecem táxis para
quem sai do aeroporto. Cada
arrastador ganha R$ 2 por
viagem que amealhar.
Os táxis entram e saem de
Congonhas o dia inteiro, à espera do chamado dos arrastadores. Entram nas dependências de Congonhas com
passageiros "laranjas".
A estratégia tem uma razão: táxi que entrar vazio em
Congonhas está sujeito a
multa de R$ 48. Mesmo
quando não há corrida certa,
os táxis circulam no local.
A cooperativa dos taxistas
autorizados de Congonhas
tem a placa da maior parte
dos táxis ilegais; quando os
veem, avisam a fiscalização.
Cabe ao DTP (Departamento de Transporte Público) coibir a prática. Os fiscais
andam por Congonhas em
duplas. Quando estão no embarque, o movimento cai. Assim que deixam a área, os arrastadores voltam a atuar.
Fenômeno semelhante
ocorre com os marronzinhos
da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
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