São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Depois de incêndio, teatro corre risco de desabamento

Duas paredes do teatro Cultura Artística estão com rachaduras, afirma perito

Ontem, a temperatura na área atingida pelo fogo no domingo permanecia alta, entre 50C e 60C; prédio foi interditado pela Defesa Civil


Danilo Verpa/Folha Imagem
Teatro Cultura Artística, destruído parcialmente por incêndio

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O teatro Cultura Artística, destruído parcialmente por um incêndio na madrugada de domingo, apresenta risco de desabamento, segundo o perito Ivo Valentini, do núcleo de engenharia do IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Técnico-Científica. Ontem de manhã ele vistoriou o prédio, no centro de São Paulo, que havia sido interditado pela Defesa Civil.
Valentini afirmou que as paredes laterais do que restou do palco da sala Esther Mesquita podem vir abaixo -exceto a que tem o mosaico de Di Cavalcanti. Segundo o perito, mesmo com a quantidade de água que os bombeiros usaram -quase 300 mil litros-, as paredes, que têm de 10 a 12 metros de altura, ainda permaneciam muito quentes ontem -50C a 60C.
O problema é quando elas resfriarem, diz o engenheiro. De acordo com ele, o resfriamento da parede, que já está com rachaduras, poderá aumentar o número de fissuras, causando um desabamento.
"Têm áreas de risco iminente. O risco é de desabamento principalmente na área do palco, que foi atacada por uma temperatura absurda. As paredes são altas e correm o risco de desabar", disse o perito.
O incêndio destruiu a sala Esther Mesquita, a principal do teatro fundado em 1950, localizada no segundo andar. As chamas consumiram cadeiras, estofados, madeira, cortinas, cenários, roupas e estruturas metálicas de sustentação.
Segundo o técnico do IC, a temperatura no local chegou a 800C. Com isso, os pilares de metal que sustentavam o teto ficaram retorcidos e o telhado de aproximadamente 3.000 metros quadrados caiu sobre a platéia de 1.156 lugares. Ninguém ficou ferido.
Valentini disse que, a princípio, os imóveis vizinhos não correm o risco de serem atingidos em caso de desabamento. Caso venham a ruir, os muros cairiam para dentro do que era a sala Esther Mesquita, disse.
O engenheiro Henry Pickard, da Defesa Civil da Subprefeitura da Sé, disse que o prédio foi oficialmente interditado ontem até que os responsáveis pelo teatro apresentem um laudo técnico de alguma empresa, mesmo privada, para reforma ou demolição do espaço.
O laudo, que vai apontar as causas do incêndio, tem prazo de 30 dias para ser concluído.
Gérald Perret, superintendente da Sociedade de Cultura Artística, que gerencia o teatro, afirmou ontem que a intenção é recuperar o prédio, avaliado em R$ 4 milhões. Mas, segundo ele, o valor do seguro -em torno de R$ 4 milhões- não será suficiente para a reforma. "Precisamos da ajuda da sociedade."
Segundo Perret, o teatro ainda não conseguiu calcular o prejuízo que teve com o incêndio. "Além de perdermos os espetáculos, vamos procurar emprego para 50 funcionários da nossa limpeza e manutenção."


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