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PATRIMÔNIO
Clube XV, o mais antigo do Brasil, deve ser demolido
Marco da arquitetura santista
deve dar lugar a arranha-céu
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos
Um dos últimos exemplares da
arquitetura moderna brasileira
no litoral de SP está prestes a ser
demolido e substituído por duas
torres de 23 andares que formarão o mais alto edifício da região.
O Clube XV, 130 anos, mais antigo clube social do Brasil, trocou
o terreno que ocupa na orla da
praia do Boqueirão, em Santos,
por dois pavimentos no complexo a ser erguido no local pelas empresas Monpar Construtora e Villela & Martins Empreendimentos, que investirão R$ 18 milhões.
O projeto prevê a instalação de
238 flats, 102 conjuntos comerciais e 12 lojas.
Os cinco primeiros andares formarão um único bloco. A nova
sede do XV ocupará o quarto e o
quinto, a partir do qual se erguerão duas torres separadas.
O projeto do clube, dos arquitetos Francisco Petracco e Paulo Saraiva, foi premiado na 10ª Bienal
Internacional de Arquitetura de
São Paulo, em 1969.
Embora o Condepasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos) tenha rejeitado
uma proposta de tombamento e
aprovado o pedido de demolição
feito pelo clube, as obras poderão
enfrentar dois obstáculos.
Um deles é uma avaliação do
Ministério Público, a pedido do
Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Unisantos.
O promotor Daury de Paula Júnior quer apurar qual é o verdadeiro valor cultural e arquitetônico do prédio e o impacto urbano
que o novo edifício vai causar no
ambiente da orla.
O outro eventual obstáculo é o
pedido de tombamento formulado pelo mesmo diretório acadêmico ao Condephaat (Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
O diretor do serviço técnico do
Condephaat, José Guilherme Savoy de Castro, disse que está produzindo um parecer que será enviado aos conselheiros, responsáveis por decidir pela abertura de
um processo de tombamento.
O assunto divide os arquitetos.
"O conselho santista tem uma lista de bens que ainda não estão
tombados de interesse do município e esse prédio não consta dela.
Na análise da representatividade
do edifício, os conselheiros entenderam que ele não deveria ser
preservado", disse Bechara Abdala, 39, presidente do Condepasa.
O órgão aprovou a demolição
por nove votos pró, dois contra e
uma abstenção. Um dos votos
contrários foi o de Fábio Serrano,
ex-diretor da Faculdade de Arquitetura e representante da Unisantos no Condepasa. "O projeto
é representativo de uma fase importante da arquitetura de São
Paulo, a brutalista. O prédio se
destaca da paisagem por sua monumentalidade", declarou.
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