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CELULAR POPULAR
Garota em Pindamonhangaba, no interior de SP, controla o namorado que mora na capital
Aparelho é "coleira" de filho e namorado
da Reportagem Local
Poucos jovens exibiriam o celular com tanto orgulho como Anderson Cassemiro da Cruz, 17. Ele
recebeu o aparelho de presente da
namorada. Ela mora em Pindamonhangaba, interior de São
Paulo. E ele, em Itaquera, zona
leste paulistana.
Ela consegue controlar o cotidiano dele com essa espécie de
cordinha eletrônica -comparação que Anderson, obviamente,
rejeita com toda a convicção.
De qualquer modo, há um mês
eles se falam com uma frequência
incomparavelmente maior que
nos tempos de orelhão. O celular
também serve para que a mãe dele controle suas andanças.
Quem também é submetido a
um certo controle pela família é
Josias Valério da Silva Júnior, 19.
Nos feriados, ele viajou com amigos para a Praia Grande, no litoral
sul paulista. Não conseguiu avisar
a tempo a avó, que é enfermeira e
cumpre horários atípicos em seus
plantões. Mas ela conseguiu encontrá-lo pelo telefone, depois de
estranhar que ele não havia comparecido para o jantar.
Na faixa de usuários mais jovens há também Wallace Augusto
Simplício da Silva, 22. Técnico em
eletrônica, ele conserta aparelhos
auditivos. Diz que, sem seu aparelho, comprado há um ano, não teria a metade dos clientes que hoje
consegue atender.
Entre os adolescentes, o uso do
celular tem significados que variam de grupo para grupo -por
vezes, de usuário para usuário.
Célia Tilkian, diretora do curso
médio (antigo segundo grau) da
Escola Nova Lourenço Castanho,
frequentada pela classe média alta, diz que os poucos alunos da oitava série que o possuem sentem-se mais poderosos pela autonomia que o aparelho pode lhes dar.
Lado didático
Mas existe também o lado didático do celular. Os pais que dão ao
filho um aparelho pré-pago
-que tem limite determinado de
créditos, comprados em cartão-
têm à disposição um novo instrumento para ensinar a gestão do
dinheiro e a importância em utilizá-lo apenas nos momentos realmente essenciais.
É essa também a impressão dos
profissionais que atuam nas operadoras. Eles acreditam, sem que
haja por enquanto qualquer estudo específico, que o adolescente
fica bem mais à vontade ao utilizar um pré-pago do que um celular normal.
Isso porque a fatura mensal pode revelar detalhes sobre períodos
de maior utilização e eventuais interurbanos feitos por meio do
aparelho. Para o jovem, é uma
questão de manter a privacidade.
O pré-pago tem custo de ligação
muito mais caro que o celular
normal, mas evita que o usuário
tenha a surpresa de receber contas acima do esperado.
(JBN)
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