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RODOVIAS
Número de usuários nas estradas administradas por empresas fica até 42% abaixo do esperado
Queda no tráfego ameaça concessões
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
A queda no tráfego de veículos
nas rodovias estaduais ameaça o
Programa de Concessões de Rodovias do Estado de São Paulo.
O número de usuários em determinadas regiões é 42% menor
que a previsão feita pelo governo
estadual e pelas próprias empresas que assumiram as estradas.
Cada concessionária tem um
cronograma de obras e benfeitorias a seguir dentro de um prazo
fixo, elaborado com base na projeção de receita do trecho, ou melhor, na quantidade de pessoas
que pagariam pedágio.
O desequilíbrio pode gerar atrasos nas obras. E, em certos casos,
o desperdício, uma vez que a estrutura de atendimento aos usuários -ambulâncias e guinchos-
exigida em contrato leva em conta
a projeção de automóveis e caminhões.
O governador Mário Covas
(PSDB) justifica a criação do programa dizendo que o governo sozinho não teria recursos suficientes para ampliar e melhorar a malha viária estadual.
Em um ano e meio, o número
de praças de pedágio saltou de 22
para 77 -250% de aumento-
nos trechos que foram concedidos à iniciativa privada.
""Estamos mantendo os investimentos até dezembro apostando
que o cenário irá mudar no ano
que vem. Persistindo o problema,
por uma questão legal, será necessário fazer um reequilíbrio do
contrato", disse José Renato Ricciardi, diretor-presidente da
Triângulo do Sol.
A palavra "reequilíbrio", nesse
caso, pode significar adiamento
de obras, aumento no prazo da
concessão e, até mesmo, aumento
na tarifa dos pedágios.
"É possível que, se a demanda
(veículos) for baixa, as empresas
não consigam cumprir o contrato, mas daí o Estado assume o trecho de volta ou faz nova licitação.
Até onde sei, não há nenhuma
concessionária nessa situação",
disse José Vitor Soalheiro Couto,
coordenador geral da Comissão
de Concessão.
Situação
Das nove concessionárias paulistas, seis estão com obras atrasadas e podem ser multadas por isso. Por coincidência, são as que
mais registram queda no tráfego
de usuários.
Apenas Tebe (Barretos), Renovias (São João da Boa Vista) e
Viaoeste (Sorocaba) estão dentro
dos prazos do contrato.
A culpa pela redução no fluxo
de usuários recai sobre os sucessivos aumentos nos preços dos
combustíveis e sobre as rotas de
fuga dos pedágios, segundo o governo e as concessionárias.
A Centrovias (São Carlos) lidera
o ranking das administradoras de
rodovias que mais perderam
usuários, com 42% de redução,
seguida da Triângulo do Sol
(38%), na região de Araraquara, e
da AutoBAn (14%), em Campinas. A medição é feita diariamente nas praças de pedágio e os dados são comparados com as projeções de tráfego feitas antes da
assinatura dos contratos.
"Havia uma previsão inicial de
que teríamos 100% de faturamento, mas estamos recebendo apenas 58%. Como o contrato é de 20
anos, esperamos recuperar isso",
afirmou Carlos Prado, ombusdman da Centrovias.
De acordo com os contratos, as
empresas estão entrando na fase
em que começam a investir em
obras de grande porte, principalmente duplicações e construção
de terceiras faixas.
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