São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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RODOVIAS
Número de usuários nas estradas administradas por empresas fica até 42% abaixo do esperado
Queda no tráfego ameaça concessões


ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

A queda no tráfego de veículos nas rodovias estaduais ameaça o Programa de Concessões de Rodovias do Estado de São Paulo.
O número de usuários em determinadas regiões é 42% menor que a previsão feita pelo governo estadual e pelas próprias empresas que assumiram as estradas.
Cada concessionária tem um cronograma de obras e benfeitorias a seguir dentro de um prazo fixo, elaborado com base na projeção de receita do trecho, ou melhor, na quantidade de pessoas que pagariam pedágio.
O desequilíbrio pode gerar atrasos nas obras. E, em certos casos, o desperdício, uma vez que a estrutura de atendimento aos usuários -ambulâncias e guinchos- exigida em contrato leva em conta a projeção de automóveis e caminhões.
O governador Mário Covas (PSDB) justifica a criação do programa dizendo que o governo sozinho não teria recursos suficientes para ampliar e melhorar a malha viária estadual.
Em um ano e meio, o número de praças de pedágio saltou de 22 para 77 -250% de aumento- nos trechos que foram concedidos à iniciativa privada.
""Estamos mantendo os investimentos até dezembro apostando que o cenário irá mudar no ano que vem. Persistindo o problema, por uma questão legal, será necessário fazer um reequilíbrio do contrato", disse José Renato Ricciardi, diretor-presidente da Triângulo do Sol.
A palavra "reequilíbrio", nesse caso, pode significar adiamento de obras, aumento no prazo da concessão e, até mesmo, aumento na tarifa dos pedágios.
"É possível que, se a demanda (veículos) for baixa, as empresas não consigam cumprir o contrato, mas daí o Estado assume o trecho de volta ou faz nova licitação. Até onde sei, não há nenhuma concessionária nessa situação", disse José Vitor Soalheiro Couto, coordenador geral da Comissão de Concessão.

Situação
Das nove concessionárias paulistas, seis estão com obras atrasadas e podem ser multadas por isso. Por coincidência, são as que mais registram queda no tráfego de usuários.
Apenas Tebe (Barretos), Renovias (São João da Boa Vista) e Viaoeste (Sorocaba) estão dentro dos prazos do contrato.
A culpa pela redução no fluxo de usuários recai sobre os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis e sobre as rotas de fuga dos pedágios, segundo o governo e as concessionárias.
A Centrovias (São Carlos) lidera o ranking das administradoras de rodovias que mais perderam usuários, com 42% de redução, seguida da Triângulo do Sol (38%), na região de Araraquara, e da AutoBAn (14%), em Campinas. A medição é feita diariamente nas praças de pedágio e os dados são comparados com as projeções de tráfego feitas antes da assinatura dos contratos.
"Havia uma previsão inicial de que teríamos 100% de faturamento, mas estamos recebendo apenas 58%. Como o contrato é de 20 anos, esperamos recuperar isso", afirmou Carlos Prado, ombusdman da Centrovias.
De acordo com os contratos, as empresas estão entrando na fase em que começam a investir em obras de grande porte, principalmente duplicações e construção de terceiras faixas.


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