São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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Preconceito divulgado pela Internet gera "cyberfascismo"

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

No final do milênio, a Internet tornou-se o principal meio de comunicação de divulgação de idéias discriminatórias. A difusão eletrônica de ideologias racistas já tem nome: "cyberfascismo".
O uso da Internet e de outros meios de comunicação para propagar preconceitos é discutido no livro "Ensaios sobre Racismo" (editora Conjuntura), do sociólogo Tulio Kahn, que será lançado no próximo dia 22, em São Paulo.
"Há algo de diferente nessa nova forma de comunicação de massa: uma maneira segura e tranquila de exprimir preconceitos (...)", escreve Kahn, pesquisador do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente).
O sociólogo aponta pelo menos quatro fatores que tornam a Internet um meio cada vez mais utilizado e seguro para a divulgação de preconceitos: custo baixo, garantia de anonimato, alcance mundial e relação direta e compartilhada entre emissor/receptor (via e-mail).
"As antigas formas de divulgação de idéias preconceituosas, os fanzines, são tão arcaicos hoje quanto o código Morse", afirma Tulio Kahn.
O livro é composto por artigos escritos entre 1992 e 98, resultados de pesquisas sobre preconceito no Brasil, nos Estados Unidos, e também na Internet.
O autor apresenta ainda as características de atuação de grupos neonazistas que surgiram em São Paulo no início dos anos 90. Também discute o preconceito no sistema carcerário e a discriminação na Justiça. Kahn cita, por exemplo, uma pesquisa realizada na Penitenciária de Araraquara, em 97, que concluiu que os negros condenados por homicídio receberam mais anos de prisão do que os mulatos, e estes, mais anos de condenação do que os brancos.


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