IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, vai voltar para Bangu 1. O anúncio foi feito ontem pelo secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, em Brasília.
Beira-Mar está preso no quartel do Batalhão de Choque da PM do Rio (centro) e deverá voltar para Bangu 1 em dez dias. Nesse tempo, o governo estadual pretende investir R$ 700 mil para recuperar as estruturas danificadas na rebelião da quinta passada, quando o traficante liderou a morte de quatro rivais na penitenciária.
Segundo o secretário, a vida de Beira-Mar será um "inferno". As novas normas constam do Regime Disciplinar Especial elaborado pelo Estado e que será aplicado a todos os presos de Bangu 1. As visitas íntimas estão suspensas, e o banho de sol terá tempo reduzido. Os advogados passarão por revista, e os familiares só terão contato com os presos através de uma tela de acrílico. As celas serão vigiadas por câmeras.
Aguiar disse que analisa a possibilidade de eliminar a licitação para compra de bloqueadores de celular para Bangu 1. Disse, ainda, que o governo do Rio implantou um núcleo de inteligência para o sistema penitenciário, para investigar eventuais atividades ilícitas cometidas por detentos.
O ministro Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) recuou e disse ontem que a prisão da ilha das Cobras não é "adequada" para receber o traficante. A idéia, rechaçada pelo ministro Geraldo Quintão (Defesa) já na terça-feira, havia sido dada na véspera pelo presidenciável José Serra (PSDB).
Segundo Serra, um dos "argumentos jurídicos" para enviar o traficante para a prisão da Marinha seria o uso de "armas privativas do Exército" por Beira-Mar. A declaração causou mal-estar no governo federal, segundo apurou a Folha, pois Quintão não foi sondado por Ribeiro sobre a questão.
O secretário nacional da Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, chegou a afirmar que não havia analisado o assunto. "Formalmente, nos trabalhos da questão, isso nunca foi ventilado." Ribeiro havia dito anteontem que equipes das secretarias de Segurança Pública e de Justiça apuravam eventuais crimes federais cometidos por Beira-Mar.

Indiciamento
Beira-Mar negou ontem ter participado do assassinato de presos de Bangu 1 e disse que participou da rebelião porque temia ser morto por outros presos. Em depoimento, disse que só aproveitou as celas abertas para tentar fugir. O delegado Leonilson Ribeiro, da 34ª DP, disse que indiciará os 24 presos do Comando Vermelho que estavam em Bangu 1, entre eles Beira-Mar, pela rebelião.


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