UOL


São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Desgualdo nega que tenha agido para proteger delegado

DA REPORTAGEM LOCAL
DAS REGIONAIS

O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, negou ontem que tivesse mandado seu assessor, o delegado Luiz Carlos dos Santos, o China, avisar o chefe da Polícia Civil no Vale do Paraíba, Antonio Carlos Gonçalves da Silva, que seu telefone estava sendo grampeado.
"Nesse caso, estava nervoso e pedi para que se descobrisse o que estavam fazendo [o delegado e a mulher dele], porque teria de partir pra cima antes que outros o fizessem. Queria apurar a veracidade e me adiantar", afirmou ele, que ontem criticou a análise isolada de trechos da conversa.
Segundo Desgualdo, o caso da suposta ligação do delegado com bicheiros está sendo apurado pela Corregedoria da Polícia Civil.
Ele disse que não teve acesso ao diálogo incluído na apuração federal e que não se recorda dos detalhes da conversa. No dia em que a gravação foi feita, ele estava em férias.
No grampo, Desgualdo teria afirmado que recebera a informação sobre o caso do ex-secretário da Segurança Pública do Estado Marco Vinicio Petrelluzzi, que é procurador de Justiça.
Ontem, o delegado-geral afirmou que a notícia não partiu do ex-secretário, com quem diz não falar desde fevereiro. Ele disse não recordar da expressão que usou e que pode ter dado a entender que havia sido avisado do caso por Petrelluzzi.
O ex-secretário também negou ontem ter conversado com Desgualdo sobre a apuração no Vale do Paraíba. "Estou sendo acusado de passar algo que eu não sabia", afirmou ele.
Para o delegado-geral, os remanejamentos de policiais feitos na capital a partir de dezembro do ano passado podem ter despertado "insatisfação" e "raiva" entre policiais, que teriam usado seu nome indevidamente e que acabaram grampeados pela Procuradoria da República.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, voltou a reclamar ontem da divulgação do caso, ao ser questionado se o delegado-geral poderia ser demitido do cargo por conta das denúncias. Abreu Filho, porém, disse que também está investigando o caso.
Já o delegado Antonio Carlos Gonçalves da Silva, de São José dos Campos, negou ontem qualquer envolvimento com bicheiros da cidade de São José dos Campos. "Nem eu nem minha mulher conhecemos nenhum bicheiro. Todos que me conhecem sabem minha opinião a respeito disso. Sou muito moralista", afirmou.
Silva disse que soube que estava grampeado por intermédio do delegado seccional de São José, Roberto Monteiro de Andrade Júnior. "Não me importei. Não tinha nada a esconder", disse.


Texto Anterior: CPI quer ouvir delegado-geral sobre grampo
Próximo Texto: Para Promotoria, informação pode ter vazado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.