UOL


São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

Reinaldo dos Santos foi preso em um condomínio de luxo e nega ter assassinado Antonio José Machado Dias

Acusado de matar juiz é preso em Angra

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem, em Angra dos Reis (RJ), Reinaldo Teixeira dos Santos, 24, acusado de ser o autor dos três disparos que mataram o juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, 47, no dia 14 de março em Presidente Prudente (SP).
Em depoimento informal à polícia, Santos, conhecido como Funchal, negou o crime. Ele foi preso num condomínio de luxo após investigações feitas em parceria com a Polícia Civil do Rio.
Funchal estava sozinho em uma casa, que, segundo a polícia, ele tinha alugado com o nome falso de Odair Mendes da Silva havia três meses. Com ele, a polícia encontrou uma pistola, três quilos e meio de cocaína, além de maconha e crack. Funchal foi preso em flagrante por porte de arma e tráfico de drogas, além da prisão preventiva por suposta participação no assassinato do juiz.
O advogado de defesa, Edson Campos, disse que a casa em que Funchal preso e o carro que estava no local eram de um amigo e que a pistola e as drogas não lhe pertenciam. Segundo Campos, ele afirma que não estava no local do crime no dia em que o juiz foi morto e que desconhecia as acusações contra ele.
Segundo a polícia, com a prisão de Funchal, apenas um dos três acusados de envolvimento direto na morte do juiz permanece foragido: Adilson Daghia, o Di, que teria conduzido um dos dois carros utilizados na ação.
O terceiro acusado, Ronaldo Dias, conhecido como Chocolate, foi preso no dia 7 de agosto na zona sul de São Paulo, após escapar de dois cercos da polícia no litoral paulista. Ele havia acusado Funchal de ser o autor dos tiros. Na época, Chocolate também afirmou que o crime havia sido cometido a mando do PCC -facção criminosa que atua em presídios de São Paulo.
Segundo depoimento de Chocolate à polícia em agosto, a ordem de executar o ataque ao juiz partiu do detento José Eduardo Moura da Silva, o Bandejão.
Morto em maio no presídio de Iaras, Bandejão era um membro antigo do PCC e, na época, subordinado às principais lideranças.
De acordo com o delegado Ruy Ferraz, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), o atentado seria uma represália ao juiz devido ao tratamento que ele dispensava aos detentos. Dias cuidava de processos e julgava benefícios de condenados de sete presídios, entre os quais o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP), onde estão os principais líderes do PCC.
Ferraz disse que uma das preocupações era que os líderes do PCC mandassem matar Funchal antes de a polícia encontrá-lo. Entretanto, para o delegado, Funchal subiu hierarquicamente na facção nesse período e dispunha de segurança feita pela facção.
As provas da polícia contra Funchal são as digitais encontradas no Uno que interceptou o carro do juiz no dia do crime e a gravação de uma conversa entre ele e sua mulher, em que, segundo a polícia, assume sua participação no assassinato, além do depoimento de Chocolate.


Texto Anterior: Desarmamento: Thomaz Bastos diz que estatuto mudou "para pior"
Próximo Texto: Família espera que prisão ajude a esclarecer crime
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.