São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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Ex-motoboy vira atleta de voleibol paraolímpico

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando perdeu a perna direita em um acidente de moto em 2002, o então motoboy Renato de Oliveira Leite não imaginava a guinada que sua vida daria após essa fatalidade. Na época, com 19 anos, ele fazia testes como jogador do São Caetano Futebol Clube.
Após quase um mês de internação, quando tentaram em vão reconstituir sua perna, ele começou a reabilitação. Cinco meses depois, conseguiu sua primeira prótese de titânio e voltou a jogar.
Futebol, só de brincadeira. Leite hoje faz parte da seleção brasileira de voleibol paraolímpico e é medalhista em atletismo e tênis de mesa, patrocinado por uma empresa de produtos ortopédicos.
Leite não titubeia em atribuir à alta funcionalidade da prótese parte do mérito das conquistas.
Ele espera conseguir um adaptador com sistema à vácuo, instalado entre a prótese e coto (extremidade do membro que sofreu amputação), que "prende" a prótese ao corpo. "Já aconteceu de eu correr e a perna sair do lugar."
Fascinado pelo esporte voltado para deficientes, ele resolveu fazer faculdade de educação física e quer iniciar um trabalho para "tirar o deficiente de casa".

Prótese ocular
Quem olha para a microempresária Maria Clara Benetti, 44, uma loira de olhos azuis, nem percebe que um desses olhos é uma prótese. A perfeição é tanta que a filha, Carolina, 9, só soube neste ano que a mãe não tem o olho direito.
Aos 14 anos, Maria Clara descobriu que tinha ceratocone, uma doença ocular que afeta a córnea e que a deixaria cega em 20 anos.
Em quase 30 anos, foram sete transplantes, seis dos quais fracassaram. As cirurgias salvaram apenas o olho esquerdo.
Maria Clara teve de aprender a lidar com deficiência visual. A primeira saída foi a colocação do implante (uma espécie de bolinha de gude branca) e, em seguida, a prótese, confeccionada sob medida.
"Foi uma experiência inesquecível. A escolha da tonalidade, as veiazinhas feitas de lã. Ficou perfeita", lembra. Mas confessa que sente tristeza cada vez que tira a prótese para limpeza. "Não é fácil ver aquele buraco no lugar do olhos", desabafa. (CC)


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