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PAPALÉGUAS
De janeiro a setembro deste ano, São Paulo já realizou mais corridas do que na soma dos três anos anteriores
Hábito de correr e competir vira mania entre paulistas
ESTANISLAU DE FREITAS
DA REVISTA
Diz o clichê que São Paulo gosta
de correria -e parece que é pura
verdade. Nos nove meses deste
ano, a FPA (Federação Paulista de
Atletismo) já atuou em mais corridas no Estado do que nos três
anos anteriores somados. Foram
80 eventos contra 11 em 2001, 17
em 2002 e 34 em 2003.
A explosão, iniciada lentamente
nos anos 90, é confirmada por organizadores de corridas, treinadores, federação de atletismo,
gente ligada ao marketing esportivo, médicos e corredores. ""Houve uma mudança de mentalidade.
Antes o espírito era puramente
competitivo, hoje está vinculado
mais à idéia de ganho em qualidade de vida", analisa o coordenador do Departamento de Corrida
de Rua da FPA , Cristiano Francisco Barbosa, 39.
Não é só o número de eventos
que cresce, mas o de corredores.
A corrida do Centro Histórico de
São Paulo reuniu 700 pessoas na
primeira edição em 1996, e chegou aos 6.500 neste ano. A Corpore, uma ONG que organiza treinos e corridas, tinha em 1992 cerca de 200 cadastrados e hoje registra 75 mil corredores.
A atividade virou também um
grande negócio. Só em inscrições
esse mercado, segundo a FPA,
movimentará R$ 7 milhões neste
ano no Estado. Dados da Corpore
apontam que cada evento dá ocupação a algo entre 800 e mil pessoas, entre socorristas, médicos,
bloqueios, pessoal da medição,
inscrições, organização, arbitragem, montagem de kits, placas,
palcos, grades e barracas.
Há dois anos foi criada a ATC
(Associação dos Treinadores de
Corrida de São Paulo), com 85
professores de educação física. ""É
um meio de melhorar a qualidade
de vida e ainda facilita a sociabilidade", diz o presidente da ATC,
Cláudio Roberto de Castilho, 35.
A prática de correr também tem
ajudado na melhoria do ambiente
de trabalho. Tanto que a Corpore
criou até um ranking corporativo
para suas corridas. Funcionários
das empresas literalmente vestem
a camisa e seus desempenhos somam pontos no ranking, do qual
participam Itaú, Pão de Açúcar,
Bovespa, BankBoston e Laboratórios Fleury, entre outras.
Casamento
Como qualquer atividade que
incentiva o convívio, nos treinos,
nas corridas e no encontro diário
nos parques acontecem também
amizades, paqueras, paixões e até
casamentos, como o do treinador
Ricardo Yamaoka, 41, com a empresária ""ex-sedentária" Mônica
Yamaoka, 41. Quando começou a
correr, Mônica foi treinar com Ricardo. ""Fomos ficando amigos e
nos apaixonamos", diz o marido.
Eles estão casados há dois anos.
Quem confessa ser viciada nos
exercícios é a ex-apresentadora
Sabrina Parlatore, 29. ""Corro há
três anos. É quase uma obsessão."
Com certeza, Sabrina não supera Lau Yeng Tang. Aos 81 anos, ele
corre 10 km todos os dias. Bicampeão da São Silvestre 2002/2003,
ele disputa na categoria 70-79
anos, pois para a idade dele nem
existe faixa. ""Comecei a correr
meio de brincadeira e não parei
mais." O hábito já dura 41 anos.
A princípio, com acompanhamento, qualquer pessoa pode correr, mesmo quem vive com um
coração transplantado ou com
pontes de safena. Mas Paulo Roberto Santos Silva, fisiologista do
Hospital das Clínicas de SP, faz
uma ressalva para quem sofre de
doença de Chagas. ""Não é aconselhável porque a doença provoca
arritmias sérias do coração."
O treinador Yamaoka alerta os
obesos a não começar a malhação
pela corrida. ""É um peso excessivo sobretudo para os joelhos."
Outro alerta importante é fazer
um lanche leve antes de correr. E
tomar muita água.
Veja a reportagem completa no site
www.uol.com.br/revista
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