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"Não fui a última a ver Ubiratan", diz Carla
Namorada do coronel assassinado afirma em carta, publicada na íntegra abaixo, que segurança no prédio dele era falha
A advogada critica postura
de Vicente Cascione de
chamá-la de ex "quando
era público e notório" que
ela era a namorada oficial
A VERDADE DOS FATOS
Estou farta e indignada pela constante deturpação dos fatos.
Eu estou cooperando em cada mínimo detalhe para a investigação porque sou a maior e primeira interessada da descoberta do culpado.
Não houve contradição nenhuma
em meus depoimentos prestados à
polícia. As perguntas que me foram
feitas pela autoridade policial foram
repetidas e checadas nos mínimos detalhes. Não houve contradições.
A investigação policial não está encerrada e estou sendo desrespeitada,
injuriada, difamada, perseguida por
parte da mídia tendo a minha vida, a
de meus familiares e amigos, absurdamente revirada, exposta e tumultuada.
1 - A suposta fuga - Não pretendo
em hipótese alguma me ausentar e
deixar de acompanhar e cooperar na
evolução das investigações. Para isso
até entreguei o meu passaporte às autoridades, o que mostra que não pretendo sair do país.
2 - Segurança do prédio - O prédio em que Ubiratan morava não registrava a identidade dos visitantes,
não tem câmeras de vídeo. Entregadores subiam aos apartamentos, livremente, o que facilitava a presença
de estranhos no condomínio, a qualquer hora do dia ou da noite. Se houvesse essas normas de segurança, certamente a autoria do crime já teria sido desvendada.
3 - Queixa-crime - Apesar de que
as investigações ainda não estejam
encerradas, a revista "Veja" aparentemente já "decidiu" e "decretou" o final do processo, considerando-me
culpada. Essas declarações ofendem
não somente a minha pessoa como
também as instituições da Polícia Civil, do Ministério Público e do Judiciário, pois, segundo essa revista, tudo
já estaria resolvido por decisão deles.
A esse respeito, hoje mesmo, estou
outorgando procuração a dois advogados a fim de que impetrem queixa-crime contra os responsáveis pelas
afirmações injuriosas, difamatórias e
caluniosas publicadas.
4 - Presença no apartamento -
Sem dúvida eu estive no apartamento,
nunca neguei isso, na saída ainda
cumprimentei o porteiro. Todavia,
não fui a última pessoa a ver Ubiratan
pois quando o deixei ele estava vivo e
bem. Estava dormindo em seu quarto.
5 - Barulho ouvido pelos vizinhos - O barulho ouvido pelos vizinhos do apto. 61 foi narrado à autoridade policial como "de batida forte de
porta" e não de estampido como foi
publicado em alguns jornais menos
confiáveis e mais afoitos.
6 - Roupa - A roupa com que estava
vestida quando deixei o apartamento
de Ubiratan foi a mesma com que entrei na minha casa. Na segunda-feira
de manhã, foi entregue à polícia para
ser periciada.
O hábito das pessoas de minha família é levar as roupas sujas até a área
de serviço, no aguardo de serem lavadas pela empregada.
Segunda-feira pela manhã, como
de hábito, essas roupas do final de semana são lavadas. Ninguém poderia
pensar ou imaginar que eu seria suspeita do crime e que deveria preservar
as roupas. Todavia, na hora em que
foram entregues ao delegado, na manhã da segunda-feira, elas estavam
apenas molhadas, junto com várias
outras.
7 - As declarações de Renata Madi - A verdade é que atendi um telefonema dessa pessoa no celular de Ubiratan e simplesmente passei a ele o
telefone para ele atender. Houve um
segundo telefonema, agora no telefone fixo que ele não quis atender.
Eu não disse a essa senhora que estava discutindo com Ubiratan, mesmo porque não tenho o hábito de fazer confidências ou desabafos a desconhecidos pelo telefone.
Ela negou ter um envolvimento
com ele e declarou que eu teria atendido o telefone às 21h. Sendo que as
câmeras do meu prédio registram minha chegada às 21h07, depois de ter
feito o trajeto para casa e ter escolhido DVDs na locadora do meu bairro.
Ambas as declarações foram inverídicas.
8 - Sobre as chaves - Eu troquei as
fechaduras e instalei quádruplas, porque estávamos preocupados com a
segurança. No intervalo de cinco dias,
o Ubiratan havia perdido um molho
de chaves e deixado outro no gabinete. Ele também tinha o hábito de deixar as chaves no console do carro.
9 - Porta dos fundos destrancada - Certamente, foi usada por alguém que queria se locomover pelos
fundos, através das escadas, sem usar
o elevador, para evitar ser visto.
10 - Relacionamentos no mesmo
prédio - No começo de nosso namoro, Ubiratan me confidenciou que teria tido alguns "casos" com senhoras
moradoras do mesmo prédio de distintos apartamentos. Agora surgiu
uma informação de que um dos "casos" era com mãe e filha.
11 - Pacote do carro - Esquecer
um pacote no carro e voltar para pegar é normal. As imagens das câmeras
de meu prédio podem atestar que estou sempre indo e vindo com sacolas,
pastas e livros. Não raro, volto para
pegar algo que esqueço no veículo ou
que não deu para levar junto com as
outras coisas.
12 - A conduta de Vicente Cascione - O dr. Cascione declarou que
eu era "ex" quando era público e notório que eu era a namorada oficial de
Ubiratan, estando com ele em todos
os eventos, comemorações com amigos e convivência com seus familiares. Apresentei provas que atestam
meu relacionamento com ele nesses
últimos dois anos e meio. O dr. Cascione afirmou que eu iria fugir do país
e eu entreguei meu passaporte.
Eu fui ameaçada de morte, entregando a fita das ameaças e o número
de telefone de onde foi feita a ligação,
até isso ele desvirtuou, alegando ter
sido forjada por nós!
Em 1970, em um julgamento no
Tribunal do Júri, ao tentar convencer
os jurados da inocência do réu, jurou
pelos filhos que não havia uma pessoa-chave: havia. O júri foi em 03/
07/1970, o nome do réu é Sebastião
Soares de Lima -vulgo "Carrão". O
dr. Cascione tem admirável oratória e
capacidade teatral.
Cascione foi eleito por fazer oposição ao PT e depois de eleito virou líder do governo, se "queimando" com
seus eleitores.
Para ter o apoio de Ubiratan em
sua campanha, foi importuná-lo para
pedir sua ajuda no consultório de seu
cardiologista, na hora de uma consulta marcada. Evidentemente, é um homem que não tem muita noção de
privacidade e respeito ao próximo.
13 - O plano para me incriminar é tão sórdido que estão até mandando
pessoas ligarem para meu telefone,
fingindo estarem querendo me cobrar pelo "serviço prestado". A gravação desta pessoa, com o número de
telefone que ficou registrado no identificador de chamadas, será fornecido
para a autoridade policial.
14 - Uma pessoa ligou de uma cidade do interior querendo prestar
seu depoimento à polícia sobre um
trecho de conversa que ouviu de uma
pessoa falando ao celular, onde era
dito que a "eliminação" do político
deveria ter ocorrido há dois anos, e
que a pessoa já estava no prédio, com
o conhecimento da vítima, que escondera o fato à namorada. Deixou nome
e local para ser contatado.
15 - Na madrugada de domingo,
enquanto no local do crime se encontravam vários policiais, amigos, parentes e desconhecidos, houve uma
ligação que caiu na secretária eletrónica -ficou gravada- onde a voz de
um homem disse: BAH, a voz do defunto. A polícia, através da quebra do
sigilo telefônico, vai apurar de que telefone foi efetuada a ligação naquele
horário da madrugada.
16 - As ameaças - Ubiratan era
constantemente ameaçado e tinha
muitos inimigos e desafetos. Recentemente aumentou o número de armas para sete (7) em seu apartamento e não queria mais que seu filho
dormisse no local, com receio que pudesse sofrer as conseqüências de algum ataque.
17 - Funcionária fantasma - Concordei em ser nomeada como assessora de seu gabinete e fazer parte dos
funcionários apenas durante um mês.
A nomeação foi dia 23/08. Nunca fui
buscar a carteira funcional, não marquei ponto e não iria receber um tostão durante o período. Esse fato é
mais do que conhecido pelo chefe-de-gabinete, Eduardo Anastasi, todavia,
ele deu entrevista fingindo ignorar o
trato, chamando a mim de funcionária fantasma, quando, na realidade,
minha nomeação foi logo em seguida
(três dias), depois da exoneração de
uma funcionária de nome Ana Paula,
que está nos Estados Unidos, filha de
um coronel.
18 - Eu amava Ubiratan, nosso
relacionamento era público e, como
todo relacionamento, havia momentos em que nossos pontos de vista divergiam, provocando alguns atritos,
normais em todos os casais.
Após dois anos e meio de convivência, todo casal passa a se relacionar de forma menos passional, portanto, se "crime passional" houve,
certamente não poderia ser cometido
por mim, que encarava essa necessidade de ele se sentir assediado como
típica de um homem mais velho. Ao
contrário do que algumas pessoas
vêm dizendo, eu tratava muito bem
todas as ex dele, assim como todas as
pessoas que demonstravam querer
visitá-lo no gabinete ou colaborar em
sua campanha.
Não há nenhuma prova real que
possa me apontar como culpada, somente suposições, nenhum dos exames periciais foi concluído.
Gostaria que estas declarações fossem publicadas na íntegra de modo a
permitir o perfeito entendimento dos
fatos e agradeço o espaço concedido.
CARLA PRINZIVALLI CEPOLLINA
São Paulo, 16 de setembro de 2006.
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