|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM OSASCO
Declaração expedida em 1995 indicava que Igreja Universal funcionava em galeria desde 1994
Templo de Osasco funcionava irregular
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
A documentação relativa ao prédio em que funcionava a Igreja
Universal do Reino de Deus em
Osasco, entregue no início da semana pela prefeitura da cidade à
Polícia Civil, apresenta uma série
de irregularidades. Na madrugada
do último dia 5, parte do telhado
do templo desabou, matando 25
fiéis e ferindo mais de 400.
De acordo com o delegado Flávio Augusto de Souza Nogueira, a
mais antiga Declaração para Fins
de Inscrição da Taxa de Licença
para Instalação, Funcionamento e
Publicidade do prédio (uma espécie de alvará) entregue à polícia foi
expedida em 14 de julho de 95. No
entanto, o próprio documento informa que a igreja funcionava no
local desde janeiro de 94.
Ou seja, se não houver uma outra declaração, expedida em 94, a
igreja funcionou, clandestinamente, durante um ano e meio.
Além disso, o único certificado
de vistoria de obras (documento
que atesta as condições do prédio e
o libera para funcionamento) citado em todas as declarações foi expedido em 95. Aliás, esse certificado não foi entregue à polícia.
Esse documento, segundo o código de obras de Osasco, obrigatoriamente tem de ser renovado
anualmente. Apesar disso, todas
as declarações de funcionamento
expedidas depois de 95 citam apenas a vistoria feita naquele ano.
Em tese, o alvará só deveria ser
expedido após a renovação do certificado de vistoria de obras. Teoricamente, todas as reformas feitas
no prédio a partir de 95 também
são clandestinas, pois não teriam
sido vistoriadas pela prefeitura.
As declarações de funcionamento são expedidas pela seção de cadastro imobiliário da Secretaria de
Negócios da Fazenda de Osasco. O
secretário Roberto Sanchez se recusou a atender a imprensa (leia
texto nesta página).
"Vou pedir explicações para a
prefeitura. Quero identificar também quem assinou toda essa documentação", afirmou Nogueira,
que preferiu não comentar se houve má-fé das partes envolvidas.
Segundo o delegado, as vistorias
teriam de ser requisitadas pela
Universal. No entanto, não foram
localizados os requerimentos. Em
tese, a prefeitura também teria poder para fazer a fiscalização sem
precisar ser solicitada. A igreja informou que está procurando os
requerimentos em seus arquivos.
Nogueira afirmou também que
já está comprovado que os portões
principais do prédio estavam trancados no momento do desabamento, conforme noticiou a Folha
na semana passada. Segundo ele, o
fato prejudicou a ajuda às vítimas
e provocou ferimentos em outras,
que foram pisoteadas. Já é quase
certo que o bispo Reinaldo Santos
Suisso, responsável pela igreja, deverá ser indiciado sob a acusação
de ter sido negligente.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|