São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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VIOLÊNCIA

Uma das vítimas da quinta chacina em outubro foi um PM; causa é disputa pelo comando do tráfico

Guerra do tráfico causa 6 mortes no RJ

da Sucursal do Rio



Seis pessoas foram mortas, entre elas um policial militar, durante a madrugada de ontem em Guadalupe (zona norte do Rio). Segundo a polícia, os assassinatos tiveram como motivo a disputa pelo comando do tráfico na área.
Foi a quinta chacina no Estado do Rio este mês em consequência da guerra entre traficantes, de acordo com a polícia.
Pela versão policial, cerca de dez homens armados do morro do Chapadão invadiram a favela Gogó da Ema (ambos em Guadalupe), por volta das 2h de ontem. Os invasores identificaram três supostos traficantes rivais que bebiam em um bar e atiraram contra eles.
Marcos Alexandre Ferreira, 27, Marco Antônio de Oliveira Brito, 27, e Lourival Diniz da Silva, 23, morreram na hora. Outros dois supostos traficantes, entre eles Irã Felix Garcia, que comandaria o tráfico na favela, foram amarrados, algemados e levados para outro ponto do morro, onde foram assassinados.
O sargento da Polícia Militar Marco Antônio Baldoíno de Oliveira, 31, voltava para casa quando encontrou os dois reféns e os invasores. Segundo testemunhas, ele se identificou como policial, pensando que se tratava de uma operação do Serviço Reservado da PM.
De acordo com a polícia, Oliveira também foi feito refém e levado junto com os outros dois pelos invasores. Garcia e o outro homem, identificado apenas como Carlinhos, foram mortos com um tiro na nuca.
Os dois corpos foram deixados duas ruas abaixo do local das outras três mortes.
O sargento ainda foi levado para o morro do Chapadão, onde foi assassinado com um tiro no peito e depois degolado. O corpo do policial foi colocado dentro de um Fiat Uno, do próprio PM, e abandonado em uma rua da Pavuna (zona norte).
A mulher do sargento, que não quis se identificar, disse que o marido vinha sofrendo ameaças dos traficantes da favela e dos seus rivais do morro do Chapadão. A família estava procurando casa em outros bairros menos violentos e pretendia se mudar até o final do ano.
Segundo a polícia, a disputa pelo comando do tráfico das duas favelas, que ficam muito próximas uma da outra, já dura mais de um mês, mas se agravou nas duas últimas semanas.
Os assassinatos de ontem aconteceram em represália à invasão dos traficantes do Gogó da Ema ao morro do Chapadão, na semana passada. Na ocasião, ocorreu um tiroteio entre os grupos rivais, mas, segundo a polícia, não houve vítimas.
No último dia 4, em Campo Grande (zona oeste), quatro pessoas foram mortas por supostos traficantes dentro de casa. No dia 6, quatro homens também foram encontrados mortos em Guadalupe.
No dia 12, a polícia encontrou os corpos de cinco homens carbonizados dentro de um Corsa, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Na véspera, outros seis homens foram mortos em São Gonçalo (a 20 km do Rio).


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