|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TORTURA
Ministério Público paulista anuncia grupo para investigar denúncias e aumentar controle sobre polícia
Promotoria vai apurar violência policial
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O Ministério Público de São Paulo
anunciou ontem a
criação de um serviço especial para
apurar denúncias
de tortura e de violência cometidas por policiais civis e militares
em todo Estado.
O anúncio foi feito após publicação, ontem, na Folha, de depoimento de policial militar paulista
que afirma ter assassinado e dificultado o socorro de pessoas suspeitas de ser criminosas. Na mesma reportagem, investigador da
Polícia Civil do Pará relatou sessões de tortura de presos.
"É uma barbárie um policial
matar ou torturar alguém. Desafiando a Constituição, ele simplesmente decide quem deve
morrer, sem conhecer os antecedentes da vítima", afirmou o assessor especial de Direitos Humanos, Carlos Cardoso.
Segundo ele, a criação do serviço é uma determinação do procurador-geral de Justiça do Estado
de São Paulo, Luiz Antônio Marrey. A nova divisão deve começar
a funcionar em um mês.
"Queremos criar um serviço de
qualidade para combater abusos
policiais", afirmou Cardoso.
O serviço especial do Ministério
Público, segundo ele, vai colher
depoimentos de vítimas ou parentes por telefone, pessoalmente
ou por meio de ONGs (organizações não-governamentais).
"Queremos montar uma estrutura em que as denúncias sejam
imediatamente repassadas para
promotores especializados", afirmou Cardoso.
Máscara e arma fria
Além da criação do novo serviço, o Ministério Público vai enviar
uma carta ao secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, pedindo a proibição do
uso de máscara e de arma fria
(sem registro) por policiais durante operações.
O uso de máscaras foi relatado
por presos do 26º DP (Sacomã),
que disseram ter sido agredidos
por policiais mascarados do GOE
(Grupo de Operações Especiais).
As agressões foram gravadas em
uma fita cassete.
A arma fria, por sua vez, é utilizada por policiais para matar suspeitos sem que seja possível identificar o dono dela, segundo relato
do PM publicado.
Para Cardoso, a atual onda de
denúncias demostra a necessidade de a polícia ser fiscalizada por
um órgão externo. "Não tem sentido a polícia fiscalizar a própria
polícia", disse, referindo-se à
atuação das corregedorias.
O secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, foi procurado ontem, mas sua assessoria
informou que ele estava com a
agenda lotada e não poderia falar
sobre o assunto.
Texto Anterior: 4 escapam de delegacia da infância em SP Próximo Texto: Justiça: Tortura não pode ficar impune, diz ministro Índice
|