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RIO LÁ FORA
Editor comenta reportagem
"Tocamos em nervo exposto", diz britânico
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não temos interesse em prejudicar a imagem de cidade nenhuma, mas muitos leitores da reportagem do "The Independent" não
deverão programar viagens ao
Rio, assim como não planejam fazer turismo no Sudão ou na
Tchetchência." Para o jornalista
britânico Richard Powell, dono
da agência de notícias inglesa
"Presswire", essa deve ser a conseqüência do texto para os leitores ingleses do jornal britânico.
A "Presswire" produziu a reportagem "A cidade da cocaína e
da carnificina" sobre o crime organizado no Rio de Janeiro, publicada na semana passada pelo
"The Independent".
O texto incitou reações de intelectuais, órgãos fluminenses de
segurança pública, mídia e da governadora do Estado do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), que enviou carta ao embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Collecott, em protesto contra o texto.
"É interessante e embaraçosa a
repercussão da reportagem no
Brasil. Obviamente, tocamos em
um nervo exposto dos brasileiros", disse Leonard Doyle, editor
da notícias internacionais do
"The Independent". "Às vezes é
preciso que um jornal estrangeiro
toque em determinado assunto
para gerar uma reação que não
acontece no dia-a-dia."
As críticas à reportagem foram
sobretudo destinadas à comparação da situação vivida pelos cariocas com aquela de países em guerra civil como o Sudão e a república separatista Tchetchênia.
Powell explica que foi preciso
fazer a comparação para que ingleses que nunca estiveram no
Brasil compreendessem a situação da qual a reportagem tratava.
"O repórter Tom Phillips nos
contou que a polícia e até o Exército tomam partes da cidade e que
helicópteros sobrevoam os morros. Essa é uma situação de prevenção da violência que nos parece similar aos métodos empregados em zonas de conflito", afirma.
"Rio: Drugs boss murder threatens return to chaos" (algo como
"Rio: Assassinato de chefe das
drogas ameaça retorno ao caos")
foi o título dado à reportagem da
"Presswire" -transformado em
"A cidade da cocaína e da carnificina" pelas mãos de Doyle.
"Nós tínhamos a história, mas o
jornal não é obrigado a publicá-la
na íntegra nem dar a ela o mesmo
título da original", diz Powell.
Sobre a alteração do título Powell afirmou preferir "não comentar os efeitos nem as motivações dessa mudança".
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