São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Defesa de pilotos diz que Pires foi antiético

Para advogado que representa tripulantes do Legacy, ministro da Defesa pode até ser acusado de interferir nas investigações

Crítica foi reação à afirmação de Waldir Pires de que pilotos do jato não cumpriram o determinado em seu plano de vôo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Theo Dias disse ontem que o ministro da Defesa, Waldir Pires, está sendo "antiético" por opinar publicamente sobre a queda do Boeing-737/800 da Gol e insinuou que Pires poderá ser acusado de tentar exercer "influência política" sobre as investigações.
Dias é responsável pela defesa dos americanos Joe Lepore e Jean Palladino, pilotos do avião Legacy que se chocou com o Boeing, matando 154 pessoas.
"As manifestações do ministro podem ser interpretadas como influência política numa investigação que deve ser essencialmente técnica. Isso é antiético", disse o advogado.
Em entrevista anteontem, Pires havia acusado diretamente os pilotos americanos pelo acidente: "Houve descumprimento absoluto do plano de vôo depois de Brasília (...), e ele [o piloto do Legacy] deveria cumprir o plano de vôo mesmo sem conseguir autorização para mudar [de altitude]".
O plano de vôo original do Legacy previa três altitudes: 37 mil pés entre São José dos Campos (SP), de onde decolou, 36 mil pés a partir de Brasília e 38 mil pés entre um ponto a cerca de 400 km da capital e Manaus. Mas o avião estava em 37 mil pés ao se chocar com o Boeing em Mato Grosso.
Pela versão da empresa proprietária do Legacy, a americana ExcelAire, os pilotos não baixaram a altitude ao sobrevoar Brasília porque não conseguiram contato com o Cindacta-1 (o sistema de controle de tráfego aéreo com sede na capital). Mas, para o ministro, eles teriam que ter mudado mesmo sem essa autorização.
O advogado Theo Dias reagiu: "Estranho as declarações vindas de um superior hierárquico dos responsáveis pela investigação. Um ministro da Defesa não pode fazer pré-julgamentos sobre fatos que merecem avaliação técnica".
E continuou: "Ele [o ministro] está falando sobre fatos que não conhece. Ele não tem subsídios, não tem informações suficientes".
"E se ficar comprovado que houve falhas de agentes públicos? Como é que fica? O ministro vai defender o Estado a qualquer custo ou defender a verdade dos fatos?", indagou Dias, que aguarda uma definição de data e horário para novos depoimentos dos pilotos à Polícia Federal.
















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