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Defesa de pilotos diz que Pires foi antiético
Para advogado que representa tripulantes do Legacy, ministro da Defesa pode até ser acusado de interferir nas investigações
Crítica foi reação à afirmação de Waldir Pires de que pilotos do jato não cumpriram o determinado em seu plano de vôo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Theo Dias disse
ontem que o ministro da Defesa, Waldir Pires, está sendo
"antiético" por opinar publicamente sobre a queda do
Boeing-737/800 da Gol e insinuou que Pires poderá ser acusado de tentar exercer "influência política" sobre as investigações.
Dias é responsável pela defesa dos americanos Joe Lepore e
Jean Palladino, pilotos do avião
Legacy que se chocou com o
Boeing, matando 154 pessoas.
"As manifestações do ministro podem ser interpretadas
como influência política numa
investigação que deve ser essencialmente técnica. Isso é
antiético", disse o advogado.
Em entrevista anteontem,
Pires havia acusado diretamente os pilotos americanos pelo
acidente: "Houve descumprimento absoluto do plano de
vôo depois de Brasília (...), e ele
[o piloto do Legacy] deveria
cumprir o plano de vôo mesmo
sem conseguir autorização para mudar [de altitude]".
O plano de vôo original do
Legacy previa três altitudes: 37
mil pés entre São José dos
Campos (SP), de onde decolou,
36 mil pés a partir de Brasília e
38 mil pés entre um ponto a
cerca de 400 km da capital e
Manaus. Mas o avião estava em
37 mil pés ao se chocar com o
Boeing em Mato Grosso.
Pela versão da empresa proprietária do Legacy, a americana ExcelAire, os pilotos não
baixaram a altitude ao sobrevoar Brasília porque não conseguiram contato com o Cindacta-1 (o sistema de controle de
tráfego aéreo com sede na capital). Mas, para o ministro, eles
teriam que ter mudado mesmo
sem essa autorização.
O advogado Theo Dias reagiu: "Estranho as declarações
vindas de um superior hierárquico dos responsáveis pela investigação. Um ministro da Defesa não pode fazer pré-julgamentos sobre fatos que merecem avaliação técnica".
E continuou: "Ele [o ministro] está falando sobre fatos
que não conhece. Ele não tem
subsídios, não tem informações suficientes".
"E se ficar comprovado que
houve falhas de agentes públicos? Como é que fica? O ministro vai defender o Estado a
qualquer custo ou defender a
verdade dos fatos?", indagou
Dias, que aguarda uma definição de data e horário para novos depoimentos dos pilotos à
Polícia Federal.
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