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Concurso de rádio é acusado de discriminar e é cancelado
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de São Paulo proibiu a promoção "Bundão da escola", da rádio Mix, alegando
que o concurso estimula a discriminação entre os alunos. De
acordo com as regras da promoção, estudantes deveriam
enviar para a rádio fotos dos
maiores "bundões" da escola.
O vencedor levaria dois supercomputadores: um para ele,
outro para o "bundão".
Na semana passada, o Ministério Público obteve liminar do
juiz Adalberto de Camargo
Aranha Filho contra a rádio,
cancelando o concurso. "Propusemos a ação porque o concurso estimula a discriminação
e incentiva o bullying escolar
[prática de violência verbal ou
física comum entre crianças e
adolescentes]", diz o promotor
da Infância e Juventude, Motauri Ciocchetti de Souza.
A Mix recebeu ontem a notificação judicial e afirmou que
cumprirá a decisão. A promoção teve início em 22 de setembro e terminou anteontem.
"Segundo o Dicionário Michaelis, a definição de "bundão" é:
moleirão, pessoa sem coragem.
E é este o sentido que procurou-se dar durante toda a promoção", diz o diretor-superintendente da rádio, Marcelo
Braga. "Trata-se de promoção
divertida e irreverente."
A Mix, que é de João Carlos
Di Gênio, também dono dos colégios e cursinhos Objetivo, não
vê problema em incentivar a fotografia nos colégios. "Na hora
do intervalo, falar ao celular e
tirar fotos é corriqueiro. Isto
também é aprender", diz Braga.
Educadores, no entanto, ficaram chocados com a promoção.
"Nunca ouvi nada tão absurdo.
É chamar a atenção pelo grotesco", diz Marieta Nicolau,
professora da Faculdade de
Educação da USP. Professora
da Faculdade de Educação da
PUC-SP, Neide Noffs lembra
que o bullying pode deixar marcas para toda a vida. "Esse tipo
de comportamento é uma
agressão, não brincadeira."
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