São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Concurso de rádio é acusado de discriminar e é cancelado

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo proibiu a promoção "Bundão da escola", da rádio Mix, alegando que o concurso estimula a discriminação entre os alunos. De acordo com as regras da promoção, estudantes deveriam enviar para a rádio fotos dos maiores "bundões" da escola.
O vencedor levaria dois supercomputadores: um para ele, outro para o "bundão".
Na semana passada, o Ministério Público obteve liminar do juiz Adalberto de Camargo Aranha Filho contra a rádio, cancelando o concurso. "Propusemos a ação porque o concurso estimula a discriminação e incentiva o bullying escolar [prática de violência verbal ou física comum entre crianças e adolescentes]", diz o promotor da Infância e Juventude, Motauri Ciocchetti de Souza.
A Mix recebeu ontem a notificação judicial e afirmou que cumprirá a decisão. A promoção teve início em 22 de setembro e terminou anteontem. "Segundo o Dicionário Michaelis, a definição de "bundão" é: moleirão, pessoa sem coragem. E é este o sentido que procurou-se dar durante toda a promoção", diz o diretor-superintendente da rádio, Marcelo Braga. "Trata-se de promoção divertida e irreverente."
A Mix, que é de João Carlos Di Gênio, também dono dos colégios e cursinhos Objetivo, não vê problema em incentivar a fotografia nos colégios. "Na hora do intervalo, falar ao celular e tirar fotos é corriqueiro. Isto também é aprender", diz Braga.
Educadores, no entanto, ficaram chocados com a promoção. "Nunca ouvi nada tão absurdo. É chamar a atenção pelo grotesco", diz Marieta Nicolau, professora da Faculdade de Educação da USP. Professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Neide Noffs lembra que o bullying pode deixar marcas para toda a vida. "Esse tipo de comportamento é uma agressão, não brincadeira."


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