São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Para secretário, ação policial no Rio reduz mortes no futuro

José Beltrame (Segurança) voltou a defender as operações, um dia após operação terminar com 12 mortos -uma criança

Declarações foram dadas durante enterro de policial baleado na operação na favela da Coréia, em que criança de 4 anos foi morta

Rafael Andrade/Folha Imagem
Secretário de seguranca do Rio, José Beltrame, comparece ao enterro do policial Sérgio Coelho

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que a morte de inocentes é traumática, mas as operações da polícia visam garantir um número menor de mortos no futuro.
Beltrame afirmou que os criminosos usam armas de guerra com alto poder letal e que esse é um dos motivos do grande número de vítimas fatais no Rio.
"Com as quadrilhas sem essas armas, que têm alto poder de alcance, teremos menos mortos no próximo ano. Vamos continuar agindo em todas as regiões do Estado", disse. "Não queremos que aconteçam incidentes dolorosos envolvendo crianças e pessoas de bem. Mas precisamos desarmar o tráfico com urgência", completa.
O secretário voltou ontem a defender as ações da polícia durante o enterro do investigador Sérgio da Silva Coelho, 43, no cemitério do Caju, zona portuária da cidade. O policial foi um dos 12 mortos da operação da Polícia Civil, anteontem, na favela da Coréia, em Senador Camará, zona oeste da cidade.
Outra vítima foi Jorge Cauã Silva Lacerda, 4, baleado no abdômen dentro da casa da avó. Ele foi resgatado por um policial durante um tiroteio, mas não resistiu aos ferimentos.
Durante a cerimônia, Beltrame usava um broche no terno com a palavra paz. "Nossas ações não são violentas. Os resultados das operações na Rocinha e no [morro da] Dona Marta mostram isso", afirmou.
Questionado pela Folha se as ações nesses morros foram menos violentas em razão da localização, na zona sul da cidade, região nobre do Rio, Beltrame afirmou que as operações da polícia são planejadas com cuidado e baseadas em informações do setor de inteligência do órgão e que não há diferença de tratamento devido à localização geográfica.
"As diferenças na execução das operações existem em razão das características de cada morro ou favela e do modo de atuação das quadrilhas. Esse é o caminho. A reação [dos bandidos] não surpreende. Graças ao esforço e profissionalismo da inteligência temos conseguido fazer operações com planejamento", disse.
Ontem, uma equipe de reportagem da TVE foi ameaçada na entrada da favela da Coréia. Os jornalistas voltaram ao local para verificar se as escolas estavam funcionando, mas foram expulsos por um adolescente armado com uma pistola. A região em que está a favela da Coréia, na zona oeste do Rio, teve aumento de 88,2% dos casos de mortos em supostos confrontos com a polícia no primeiro semestre. Anteontem, dez supostos traficantes morreram em operação policial.

Colaborou ITALO NOGUEIRA , da Sucursal do Rio


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