|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Quero Eloá, amo a Eloá", diz Lindemberg na prisão
Por medida de segurança, rapaz está em cela isolado de outros presos em CDP
Ex-advogado de Lindemberg
disse que rapaz estava tenso
na negociação e que
renunciou à defesa do jovem
pela "quebra de confiança"
KLEBER TOMAZ
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante as sete horas em que
ficou preso numa cela na sede
do Garra (Grupo Armado de
Repressão a Roubos e Assaltos)
em Santo André, Lindemberg
falou aos policiais que ama
Eloá, se queixou de dores pelo
corpo e foi medicado.
Isolado dos demais presos,
por questão de segurança, ele
não chorou, não dormiu, não
comeu nem bebeu.
Alves só dizia: "Quero Eloá.
Eu amo a Eloá. Ela é tudo em
minha vida". De acordo com os
policiais que tiveram contato
com Alves, ele aparentava estar
em estado de choque, sem saber o que havia acontecido.
Sentado no chão de cimento,
o auxiliar de produção ocupou
uma cela de 5 m x 2 m e foi isolado dos 15 presos que ocupavam 4 das 9 celas.
Assim que foi preso, Lindemberg foi levado ao 6º Distrito
Policial, onde foi autuado por
tentativa de homicídio contra
Eloá, sua ex-namorada, e Nayara, e por cárcere privado contra
as duas garotas e outros dois
adolescentes. No 6º DP, ele se
recusou a falar, mas deve ainda
ser ouvido, segundo o delegado
seccional de Santo André, Luiz
Carlos dos Santos.
Por falta de segurança (a população ameaçava linchá-lo), a
polícia transferiu Lindemberg
do 6º DP para a sede do Garra
-onde ficou das 19h30 de anteontem até as 2h30 de ontem.
Mais tarde, ele foi levado para o CDP (Centro de Detenção
Provisória) de Pinheiros (zona
oeste de SP) -que abriga presos ameaçados de morte por
detentos-, onde permanecia
até o fechamento desta edição.
Até o momento, a Polícia Civil já ouviu 18 pessoas, entre
PMs, vizinhos e três vítimas
-Nayara e os dois jovens.
Lindemberg também deve
ser indiciado por invasão de domicílio, ameaça, porte ilegal de
arma e resistência à prisão.
Peritos recolheram uma
amostra de sangue de Alves para saber se ele estava sob efeito
de drogas ou se manteve relação sexual com as vítimas.
Ex-advogado
Eduardo Lopes, ex-advogado
de Lindemberg Alves, disse ontem que o rapaz se mostrou
"instável" durante a negociação: "Ele dizia que havia um
diabinho e um anjinho, e que o
diabinho estava falando mais
alto [no final]. Dizia também
que queria que invadissem para
ele colocar um fim a tudo".
Segundo Lopes, Lindemberg
fazia exigências, mas recuava
logo depois. Ele afirma que "tudo caminhava para um desfecho pacífico, mas, em algum
momento, ele achou que havia
feito uma burrada e que não tinha mais volta". Lopes disse
que renunciou à defesa do rapaz pela "quebra de confiança".
O advogado disse que conversou com os familiares de Lindemberg na noite de anteontem. "Eles ficaram chocados
porque a negociação caminhava para um desfecho pacífico.
Estão tristes e chocados."
Segundo Lopes, Lindemberg
foi criado só pela mãe, "uma
pessoa humilde e religiosa".
Apartamento
Peritos da polícia técnico-científica de Santo André informaram ontem que o apartamento da família de Eloá foi lacrado. A família só poderá entrar no local com autorização
da polícia. O motivo é que o
imóvel ficará preservado para
futuras perícias e exames complementares. A interdição é por
tempo indeterminado.
Peritos foram anteontem ao
apartamento, fotografaram, recolheram materiais pertinentes para entender a cena do crime. As armas usadas pelos PMs
seriam seis e o revólver com
Lindemberg estão com Polícia
Civil e não foram encaminhados para perícia.
A perícia ainda tem duvidas
sobre o crime, entre as quais
entender como ocorreu a ação.
Eles querem ter acesso aos depoimentos saber ação da PM,
de Lindemberg das garotas. A
cena do crime so será esclarecida com a reconstituição que
ainda não tem data para acontecer.
Texto Anterior: Coma da menina Eloá é irreversível, diz médica Próximo Texto: Moradora diz que lugar é esquecido por Deus Índice
|