|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mãe permanece na UTI e comove médicos
Ana Cristina Pimentel ficou todo o tempo ao lado da filha Eloá no hospital e disse repetidamente "a mamãe te ama"
DA REPORTAGEM LOCAL
A mãe do adolescente Eloá,
Cristina, permaneceu o tempo
todo ao lado da filha na UTI
(unidade de terapia intensiva
do Centro Hospitalar do município de Santo André. O sofrimento da mãe comoveu a equipe médica.
A diretora do hospital Rosa
Maria Pinto Aguiar ficou com
os olhos cheios de lágrimas
quando comentava o caso durante coletiva com os jornalistas. "A mãe falou com a filha o
tempo todo: "A mamãe te ama.
Eu espero que você...'", contou
a médica que interrompeu a
frase quando percebeu que começaria a chorar.
Rosa Maria disse que o hospital, que faz parte da rede pública de saúde, atende a todo
momento casos semelhantes
de violência, mas que o espisódio de Eloá é diferente.
"Nós nos envolvemos no
atendimento desde o início.
Demos apoio no local [no prédio onde o namorado manteve
Eloá refém]. Mexeu muito com
a família. Não temos como não
sentir a dor da família", disse a
médica mais uma vez emocionada.
Na tarde de ontem, a mãe e
um dos dois irmãos de Eloá estavam na UTI. O pai, Aldo Silva
- que na véspera havia tido
uma crise de hipertensão- saiu
pela primeira vez do hospital. A
família toda foi atendida pela
equipe de psicólogos de Santo
André.
À queima-roupa
Para explicar como está a
saúde de Eloá, os médicos do
Centro Hospitalar Municipal
de Santo André utilizaram ontem uma escala que mede o nível de funcionamento neurológico após um trauma craniano,
que vai de 3 (o estado mais crítico) a 15 (o melhor estado).
Anteontem, quando chegou
ao hospital para ser operada,
seu nível era o 4. Ontem, havia
piorado para o 3.
"Ela chegou com os reflexos
neurológicos favoráveis. Hoje
[ontem] já não está assim. O
quadro atual é grave. Houve
uma piora importante. Perdeu
bastante massa encefálica",
disse Marco Túlio Setti, que a
operou.
O neurocirurgião declarou
que o disparo que a atingiu na
cabeça provavelmente foi dado
a queima-roupa.
Era esperado para o final da
noite de ontem o diagnóstico
de morte encefálica.
O médico disse que não havia
outra cirurgia prevista, nem
mesmo para a retirada da bala.
A primeira entrevista coletiva de ontem sobre o estado de
saúde da adolescente teve a
participação dos médicos do
hospital, do prefeito de Santo
André, João Avamileno (PT), e
do secretário municipal da Saúde, Homero Nepomuceno
Duarte.
(RICARDO WESTIN)
Texto Anterior: Moradora diz que lugar é esquecido por Deus Próximo Texto: Horário de verão começou à meia-noite Índice
|