São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Lula diz que ligar PT a conflito policial é "heresia" de Serra

Petista quer desculpas por acusação de tucano de que havia motivação político-eleitoral em confronto entre polícias

Ao lado de Paulinho da Força Sindical, presidente defende manifestações e diz que "quem não quer ser cobrado que não seja governo"

RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

NANCY DUTRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem em São Paulo de "heresia" a afirmação do governador José Serra (PSDB) de que houve motivação político-eleitoral na manifestação que resultou em confronto entre as polícias Civil e Militar, na quinta-feira.
Segundo declarou Lula, "quem não quer ser cobrado que não seja governo".
Em evento de apoio à candidatura de Marta Suplicy (PT), no bairro da Liberdade (centro de SP), Lula discursou para cerca de 2.000 pessoas ao lado de sindicalistas, entre eles o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.
"O governador Serra, me conhecendo como ele me conhece, mantendo as relações que mantenho com ele, não tinha o direito de acusar o PT nesse caso da Polícia Civil [foi interrompido por aplausos]. Espero que em algum momento o governador de São Paulo peça desculpa pela heresia dessa acusação", disse Lula.
O presidente defendeu a realização de passeatas.
"Eu já comi o pão que o Diabo amassou em 2005, e vocês nunca me viram acusar quem quer que seja. E ele [Serra] sabe que o PT, os partidos que estão aqui e as centrais sindicais têm responsabilidade. O que não pode é pedir que os dirigentes sindicais deixem de fazer pauta de reivindicações para entregar para nós, que somos os governantes desse país [novamente interrompido por aplausos]. Quem não quer ser cobrado que não seja governo, porque o povo cobra. Isso é democracia."
A Folha informou a assessoria de imprensa do governador sobre o teor das declarações de Lula às 14h. Até o fechamento desta edição, não havia resposta do Palácio dos Bandeirantes. Serra vem declarando que houve motivação "político-eleitoral" na manifestação. Ele cita nominalmente o presidente da Força Sindical, que apóia a candidatura de Marta.
Ontem, os grevistas pretendiam conversar com Lula no evento. Haveria pedido para que o presidente intermediasse as negociações entre eles e o governo do Estado.
Paulo Pereira e o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, fecharam um acordo, entretanto, para que eles sejam recebidos na terça-feira pelo ministro Tarso Genro (Justiça), em Brasília. No mesmo dia, eles tentarão se reunir com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. "Optamos por não fazer nada aqui [no evento] para não caracterizar ato político", disse Paulo Pereira. Em entrevista, o dirigente sindical criticou a Folha, afirmando que o editorial de ontem do jornal foi "escrito pelo Serra".
O editorial, intitulado "Ação Intolerável", defendeu a criação de lei que proíba greve entre policiais e disse ser "imperioso que os policiais renunciem à greve e à intimidação armada para que se possa voltar à mesa de negociações".


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