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Secretário vê risco de novos ataques no Rio
José Mariano Beltrame disse não ter como garantir que não ocorram novas invasões de traficantes a favelas inimigas
Ontem, um dia após tráfico derrubar helicóptero da PM, 4.000 policiais foram às ruas; dois supostos traficantes foram mortos pela PM
Felipe Dana/Associated Press
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Policial revista morador do morro do Adeus, em Bonsucesso (zona norte do Rio de Janeiro)
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Novas invasões de traficantes a favelas inimigas poderão
acontecer na região metropolitana do Rio, admitiu ontem o
secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.
Embora tenha dito que a secretaria, a Polícia Militar e a
Polícia Civil estão se dedicando
com sucesso a antecipar as incursões do tráfico, Beltrame
afirmou que não há como dar
garantias à população de que
episódios como os de anteontem não acontecerão mais.
"Estamos muito atentos, estamos antecipando essas ações.
Não vamos trabalhar com a
perfeição de antecipar 100%
das iniciativas, mas a grande
maioria delas nós estamos conseguindo, graças a Deus, antecipar", declarou o secretário.
Com cerca de 4.000 policiais
militares e civis nas ruas -quase o dobro do efetivo normal-,
o Rio de Janeiro teve ontem favelas cercadas e ocupadas.
Os morros dos Macacos e São
João, onde houve o confronto
no sábado, estiveram calmos.
De manhã, na favela do Jacarezinho (zona norte), a PM matou dois supostos traficantes e
apreendeu 300 kg de maconha.
Perto da favela, anteontem, foram queimados três dos oito
ônibus destruídos na cidade
após a ação policial.
No sábado, traficantes do
morro de São João (Engenho
Novo) invadiram o morro dos
Macacos (Vila Isabel). Ao fim
do dia, havia 15 mortos, entre
eles dois policiais militares que
estavam em helicóptero atacado a tiros por traficantes. O
aparelho se incendiou.
Os setores de inteligência da
secretaria e das polícias souberam dos preparativos do ataque
do CV (Comando Vermelho)
aos adversários da ADA (Amigo
dos Amigos), mas não conseguiram evitá-lo.
Para o secretário, as invasões
de favelas controladas por facções rivais são características
da criminalidade fluminense.
"Claro que pode acontecer
[novas invasões], não se pode
descartar. E isso historicamente também sempre aconteceu,
essas invasões", disse ele, para
quem o ataque de anteontem
decorreu da "perda de território" e do "enfraquecimento de
algumas facções".
Velório dos policiais
Beltrame participou à tarde,
no cemitério Jardim da Saudade (zona oeste), do velório dos
soldados Marcos Stadler Macedo, 39, e Edney Canazaro de
Oliveira, 29, que morreram carbonizados no helicóptero.
Segundo o comandante-geral da PM, os invasores do São
João conseguiram entrar no
Macacos porque ludibriaram o
cerco policial, ao chegarem à favelas sozinhos ou em dupla.
"A maior parte dos traficantes havia entrado aos poucos
[no morro dos Macacos]", afirmou ele em entrevista do secretário de Segurança.
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