São Paulo, segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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Secretário vê risco de novos ataques no Rio

José Mariano Beltrame disse não ter como garantir que não ocorram novas invasões de traficantes a favelas inimigas

Ontem, um dia após tráfico derrubar helicóptero da PM, 4.000 policiais foram às ruas; dois supostos traficantes foram mortos pela PM

Felipe Dana/Associated Press
Policial revista morador do morro do Adeus, em Bonsucesso (zona norte do Rio de Janeiro)

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Novas invasões de traficantes a favelas inimigas poderão acontecer na região metropolitana do Rio, admitiu ontem o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.
Embora tenha dito que a secretaria, a Polícia Militar e a Polícia Civil estão se dedicando com sucesso a antecipar as incursões do tráfico, Beltrame afirmou que não há como dar garantias à população de que episódios como os de anteontem não acontecerão mais.
"Estamos muito atentos, estamos antecipando essas ações. Não vamos trabalhar com a perfeição de antecipar 100% das iniciativas, mas a grande maioria delas nós estamos conseguindo, graças a Deus, antecipar", declarou o secretário.
Com cerca de 4.000 policiais militares e civis nas ruas -quase o dobro do efetivo normal-, o Rio de Janeiro teve ontem favelas cercadas e ocupadas.
Os morros dos Macacos e São João, onde houve o confronto no sábado, estiveram calmos.
De manhã, na favela do Jacarezinho (zona norte), a PM matou dois supostos traficantes e apreendeu 300 kg de maconha. Perto da favela, anteontem, foram queimados três dos oito ônibus destruídos na cidade após a ação policial.
No sábado, traficantes do morro de São João (Engenho Novo) invadiram o morro dos Macacos (Vila Isabel). Ao fim do dia, havia 15 mortos, entre eles dois policiais militares que estavam em helicóptero atacado a tiros por traficantes. O aparelho se incendiou.
Os setores de inteligência da secretaria e das polícias souberam dos preparativos do ataque do CV (Comando Vermelho) aos adversários da ADA (Amigo dos Amigos), mas não conseguiram evitá-lo.
Para o secretário, as invasões de favelas controladas por facções rivais são características da criminalidade fluminense.
"Claro que pode acontecer [novas invasões], não se pode descartar. E isso historicamente também sempre aconteceu, essas invasões", disse ele, para quem o ataque de anteontem decorreu da "perda de território" e do "enfraquecimento de algumas facções".

Velório dos policiais
Beltrame participou à tarde, no cemitério Jardim da Saudade (zona oeste), do velório dos soldados Marcos Stadler Macedo, 39, e Edney Canazaro de Oliveira, 29, que morreram carbonizados no helicóptero.
Segundo o comandante-geral da PM, os invasores do São João conseguiram entrar no Macacos porque ludibriaram o cerco policial, ao chegarem à favelas sozinhos ou em dupla.
"A maior parte dos traficantes havia entrado aos poucos [no morro dos Macacos]", afirmou ele em entrevista do secretário de Segurança.


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