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BEBÊ SEQUESTRADO
Em depoimento à polícia, mãe biológica disse não ter dúvidas sobre a identidade da mulher que levou Pedrinho
Mãe adotiva é a sequestradora, dizem pais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à polícia ontem, Maria Auxiliadora Braule
Pinto, 49, mãe biológica de Osvaldo Martins Borges Júnior, conhecido em Brasília como Pedrinho
-recém-nascido sequestrado da
maternidade em 1986-, afirmou
ter reconhecido Vilma Martins
Costa, 47, a mãe adotiva, como a
mulher que levou o bebê de seu
quarto.
Maria Auxiliadora, conhecida
como Lia, disse em depoimento
aos delegados que identificou Vilma "com absoluta certeza, sem
qualquer dúvida" na reportagem
veiculada pela Rede Globo no dia
9, um dia após a identificação de
Pedrinho por um exame de DNA.
No depoimento de duas horas e
quarenta minutos, Lia disse que
decidiu não trazer o assunto à tona porque o reencontro com o filho estava marcado para o dia seguinte, em Goiânia, e não queria
atrapalhar a reaproximação.
Após o depoimento, em entrevista ao lado do marido, Jayro Tapajós, mandou um recado para o
filho: "Estou correndo o risco de
que você não me queira e ficar
com raiva de eu estar denunciando a Vilma. Eu sou grata a ela por
ter cuidado de você. Eu daria tudo, meu filho, para evitar isso, para tirar essa dor. Eu gostaria muito que não fosse ela, mas não tenho dúvidas".
Lia disse para o delegado Julião
Ribeiro, chefe da Delegacia de
Homicídios, que sentiu "um profundo mal-estar" antes do primeiro e único encontro com Osvaldo Júnior, devido à presença
da mãe adotiva, que já era tida como suspeita pela polícia.
Ainda de acordo com o depoimento, Vilma teria dito: "Você sabe que não fui eu quem entrou no
quarto e tirou o seu filho, não sabe?" Lia disse ao delegado que interpretou a pergunta como uma
"ameaça velada" e que se sentiu
"vigiada" pela família adotiva durante o almoço.
Na ocasião, os jornalistas registraram o momento em que Lia teve uma crise de choro e teve de
sair da mesa por alguns momentos. Ao chegar a Goiânia, Lia precisou ser sustentada pelo marido
para entrar na casa de Vilma.
Lia disse que reconheceu o
olhar e a voz de Vilma. De acordo
com o depoimento, a sequestradora entrou diversas vezes no
quarto do hospital, usou o telefone e ajudou Lia a usar o chuveiro.
O pai biológico de Pedrinho,
Jayro Tapajós Braule Pinto, disse
ontem que "só há uma chance de
paz entre as famílias, que é o convívio". Mas, se Vilma não permitir o convívio de Pedrinho com os
pais biológicos, Jayro ameaça pedir a guarda do filho na Justiça.
A Polícia Civil ouvirá hoje, em
Goiânia, Vilma e seu irmão, Sinfrônio, que já teria dito em depoimento que levou a irmã para Brasília em janeiro de 1986. Também
serão tomados os depoimentos de
familiares do pai adotivo de Osvaldo Júnior, que morreu de câncer no mês passado.
Após a entrevista dos pais biológicos, em que detalhes do depoimento foram revelados, a Folha
não conseguiu localizar Vilma e
seu advogado.
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