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AMBIENTE
Periferia tem mais mortes de idosos por doenças respiratórias que regiões nobres
Área pobre sofre mais com poluição
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Que crianças, idosos e portadores de doenças respiratórias e cardiovasculares estão mais sujeitos
a ser afetados, e até a morrer, pela
exposição à poluição atmosférica
não é propriamente novidade.
Um novo fator de risco, entretanto, vem se juntar a eles: a pobreza.
As mortes de pessoas acima de
64 anos por causa de doenças respiratórias chegam a ser mais do
que o dobro no distrito de São Miguel (periferia na zona leste de
São Paulo) em relação a Cerqueira César (área nobre da zona oeste). As duas regiões têm índices similares de concentração de partículas inaláveis (até dez microgramas por mil litros de ar).
As partículas são grãos microscópicos de poeira que carregam
para os pulmões substâncias prejudiciais à saúde humana.
As deficiências no atendimento
de saúde e as más condições gerais em que vivem os moradores
de áreas mais pobres os tornam
mais suscetíveis aos poluentes.
As conclusões constam da tese
de doutorado da arquiteta Maria
Cristina Haddad Martins e foram
apresentadas ontem, no fórum "A
Poluição em São Paulo: Atividades Geradoras, Impactos e Controles", pelo orientador dela, Alfesio Luiz Braga, pesquisador do
Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP (Universidade de São Paulo).
O estudo avaliou as mortes de
idosos que viviam em seis regiões
de São Paulo, num raio de dois
quilômetros de onde a Cetesb
(agência ambiental paulista) tem
estações de medição da qualidade
do ar. Os idosos foram escolhidos
porque migram menos durante o
dia e, por isso, refletem melhor a
qualidade do ar local.
A classificação em ordem crescente de vítimas fatais foi: Cerqueira César, zona sul, centro,
Santana (zona norte), Penha e São
Miguel (ambos na zona leste).
"Quando se cruzam os dados de
escolaridade e renda com os de
mortes, a relação é também inversa: quanto maior o segundo, menores os primeiros. O próximo
passo é recuperar, caso a caso, a
história de vida dos que morreram para conseguir determinar
com mais exatidão qual a influência da poluição", afirma Braga.
Outro problema ambiental levantado no fórum foi a poluição
sonora. Uma pesquisa realizada
pela fonoaudióloga Carolina
Moura, que mediu o nível de decibéis em 75 pontos da capital paulista, aponta que em nenhum deles são respeitados os limites previstos na legislação.
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