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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Acordo entre vereadores petistas e de partidos como PMDB, PP e PTB cria maioria contra o PSDB na Câmara
Partidos se unem a PT e pressionam Serra
PEDRO DIAS LEITE
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dezesseis vereadores de um
bloco que se uniu para ganhar
força nas negociações com o prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), selaram ontem um
acordo com o PT e o PC do B a fim
de disputar o comando da Câmara Municipal contra os tucanos.
No total, o acordo foi assinado
por 29 dos 55 parlamentares, incluindo 16 de PMDB, PTB e PP.
Reúne vereadores que hoje
apóiam Marta Suplicy (PT) e controlam cargos na atual gestão.
Apesar de esses vereadores
sempre negarem que pleiteiem
cargos -já divulgaram até uma
nota na semana passada-, reservadamente parlamentares experientes afirmam que é muito mais
estratégico negociar com a nova
gestão tendo o comando da Câmara. Passariam a dispor de muito mais poder de barganha.
Para eleger o presidente, são necessários 28 votos. Além de deter
o controle do Legislativo, essa
maioria também pode comandar
as principais comissões, como a
de Finanças, e teria muito mais influência na votação dos projetos
de interesse de Serra.
Ontem, o tucano disse que "não
há nenhuma possibilidade de fazer troca-troca de cargos". Ressaltou, no entanto, que vai trabalhar
"conjuntamente" com eles.
Um dos líderes do bloco de 16, o
vereador Milton Leite (PMDB)
afirmou "estranhar" a fala do tucano. "A mim não importam as
declarações do prefeito Serra. Nós
nunca pleiteamos nada."
Os vereadores do PSDB, que
atualmente são oito e em 2005 somarão 13, dizem estar incomodados com a paralisia tucana nas negociações. Alguns admitiram ter
ficado "perplexos" com o documento, assinado pelos 29 vereadores -12 do PT, 5 dos 7 do PTB,
3 do PL, 4 do PP e 4 do PMDB.
Tucanos desdenham união
Parlamentares do PSDB, porém, ainda confiam numa oferta
de cargos para atrair vereadores
do bloco e ganhar a presidência.
Uma das hipóteses estudadas pela
própria equipe de transição é lotear as subprefeituras, como tem
sido feito ininterruptamente desde a gestão Paulo Maluf (93-96).
Em um Legislativo com um histórico de traições, os tucanos focam especialmente no PTB e no
PP para ganhar a maioria na Câmara paulistana.
Publicamente, os integrantes do
novo bloco não acreditam em defecções. "Tenho certeza de que
nós [o grupo] faremos a presidência", disse Francisco Chagas (PT).
O vereador Milton Leite lembra
que o PSDB já se aliou a esses
mesmos vereadores que hoje acusa de quererem apenas cargos.
Em 2002, Antonio Carlos Rodrigues (PL) tinha a maioria na disputa pelo comando da Casa até
dois dias antes da eleição. Venceu
Arselino Tatto (PT), apoiado pela
máquina da prefeitura de Marta.
Apesar de todas as trocas de farpas, o prefeito eleito disse confiar
numa relação "harmônica" com
os vereadores. "Não vamos perseguir nenhum parlamentar, seja de
que partido for", falou Serra.
Na entrevista em que vereadores dos partidos que fecharam o
acordo deram ontem à noite para
anunciar oficialmente o acerto,
houve uma saia justa.
O vereador Paulo Frange (PTB)
criticou duramente a atual gestão.
"Passamos dois anos só apertando botão. Isso tem de mudar",
disse, ao lado do líder do atual governo, João Antonio (PT). Só 1
dos 13 eleitos do PT, aliás, não
aderiu ao acordo. Carlos Giannazi
disse que a aliança é "antagônica"
com a história do partido.
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