São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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NOVOS TEMPOS

Menção ao ouro coberto por óxido de ferro muda de "precioso ainda que negro" para "precioso ouro negro"

Ouro Preto muda bandeira "racista"

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Considerada racista e motivo de constrangimento para os moradores, a bandeira da cidade histórica de Ouro Preto (89 km a sul de Belo Horizonte) ganhou ontem um novo texto.
A frase em latim "proetiosum tamen nigrum" (precioso ainda que negro), referência ao ouro coberto por óxido de ferro encontrado na região, foi substituída por "proetiosum aurum nigrum" (precioso ouro negro).
A lei que mudou a bandeira de 1931 foi sancionada ontem pelo prefeito Ângelo Oswaldo (PMDB). Segundo ele, a alteração é uma reivindicação antiga de intelectuais, movimentos negros e até turistas de Ouro Preto.
"Muitos consideravam que a bandeira tinha caráter preconceituoso ou pejorativo em relação à condição negra", afirmou o prefeito da cidade.
O primeiro hasteamento da nova bandeira será amanhã, na comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra.
Para o prefeito, a palavra "tamen" (ainda que) da bandeira ouro-pretana foi inspirada no lema dos inconfidentes mineiros do século 18 -"libertas quae sera tamen" (liberdade ainda que tardia). Já o nome Ouro Preto foi adotado em 1823, quando a antiga Vila Rica foi elevada a cidade.
"Perfeita na bandeira de Minas, ela [palavra "tamen"] é constrangedoramente estampada na bandeira de Ouro Preto, implicando desculpas e explicações que não convencem", afirmou o prefeito. Para ele, os dizeres da bandeira antiga eram motivo de constrangimento também porque cerca de 70% dos habitantes de Ouro Preto são descendentes de africanos.


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