|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NOVOS TEMPOS
Menção ao ouro coberto por óxido de ferro muda de "precioso ainda que negro" para "precioso ouro negro"
Ouro Preto muda bandeira "racista"
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Considerada racista e motivo de
constrangimento para os moradores, a bandeira da cidade histórica de Ouro Preto (89 km a sul de
Belo Horizonte) ganhou ontem
um novo texto.
A frase em latim "proetiosum
tamen nigrum" (precioso ainda
que negro), referência ao ouro coberto por óxido de ferro encontrado na região, foi substituída
por "proetiosum aurum nigrum"
(precioso ouro negro).
A lei que mudou a bandeira de
1931 foi sancionada ontem pelo
prefeito Ângelo Oswaldo
(PMDB). Segundo ele, a alteração
é uma reivindicação antiga de intelectuais, movimentos negros e
até turistas de Ouro Preto.
"Muitos consideravam que a
bandeira tinha caráter preconceituoso ou pejorativo em relação à
condição negra", afirmou o prefeito da cidade.
O primeiro hasteamento da nova bandeira será amanhã, na comemoração do Dia Nacional da
Consciência Negra.
Para o prefeito, a palavra "tamen" (ainda que) da bandeira ouro-pretana foi inspirada no lema
dos inconfidentes mineiros do século 18 -"libertas quae sera tamen" (liberdade ainda que tardia). Já o nome Ouro Preto foi
adotado em 1823, quando a antiga
Vila Rica foi elevada a cidade.
"Perfeita na bandeira de Minas,
ela [palavra "tamen"] é constrangedoramente estampada na bandeira de Ouro Preto, implicando
desculpas e explicações que não
convencem", afirmou o prefeito.
Para ele, os dizeres da bandeira
antiga eram motivo de constrangimento também porque cerca de
70% dos habitantes de Ouro Preto
são descendentes de africanos.
Texto Anterior: Para estudante, discriminação é "um trauma" Próximo Texto: Vestibular: Unicamp tem a primeira fase amanhã Índice
|