São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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NARCOTRÁFICO

Escutas telefônicas citam "touro" e "reprodutor"

Juiz Tourinho Neto diz que se considera vítima de injustiça

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz Tourinho Neto, do TRF da 1ª Região, diz ser vítima de injustiça. Está "indignado" com a associação de seu nome à investigação da Polícia Federal sobre suposto favorecimento a traficantes em decisões tomadas por membros do Poder Judiciário. "É um absurdo, um desrespeito."
A apuração baseia-se em escuta telefônica. A voz do juiz não aparece nos diálogos. Ouvem-se apenas alusões indiretas a alguém que a polícia sustenta ser Tourinho Neto. Bandidos referem-se ora a "touro", ora a "reprodutor", a quem caberia expedir habeas corpus livrando da cadeia Leonardo Dias Mendonça, identificado como chefe de quadrilha internacional de tráfico de drogas.
Tourinho, de fato, relatou decisão que resultou na liberação de Leonardo Dias. Mas foi referendada em julgamento coletivo. A decisão foi compartilhada com outros três juízes.
Tourinho diz que a concessão de habeas corpus é coerente com decisões que tomou anteriormente. É filosoficamente rigoroso em relação aos pedidos de prisão preventiva. "Prisão preventiva é medida cautelar. Se o pedido não é bem formulado, derrubo."
O perfil concessivo de Tourinho Neto em matéria de habeas corpus é famoso entre jornalistas e procuradores da República. Soltou, por exemplo, o ex-senador Jader Barbalho, quando de sua prisão no contexto da investigação de desvios da Sudam. Sua filosofia em relação ao tema já foi exposta em artigos, reunidos num livro de abril de 2000 -"Coletânea de Artigos Jurídicos".
Ele recolhe declarações de rendimentos e extratos bancários. Os dele, da mulher, dos filhos e até do genro. Entregará os papéis aos seus pares no TRF. Ofereceu-os também ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, a quem caberá a palavra final sobre a consistência dos indícios levantados contra autoridades.


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