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NARCOTRÁFICO
Escutas telefônicas citam "touro" e "reprodutor"
Juiz Tourinho Neto diz que se considera vítima de injustiça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz Tourinho Neto, do TRF
da 1ª Região, diz ser vítima de injustiça. Está "indignado" com a
associação de seu nome à investigação da Polícia Federal sobre suposto favorecimento a traficantes
em decisões tomadas por membros do Poder Judiciário. "É um
absurdo, um desrespeito."
A apuração baseia-se em escuta
telefônica. A voz do juiz não aparece nos diálogos. Ouvem-se apenas alusões indiretas a alguém
que a polícia sustenta ser Tourinho Neto. Bandidos referem-se
ora a "touro", ora a "reprodutor",
a quem caberia expedir habeas
corpus livrando da cadeia Leonardo Dias Mendonça, identificado como chefe de quadrilha internacional de tráfico de drogas.
Tourinho, de fato, relatou decisão que resultou na liberação de
Leonardo Dias. Mas foi referendada em julgamento coletivo. A
decisão foi compartilhada com
outros três juízes.
Tourinho diz que a concessão
de habeas corpus é coerente com
decisões que tomou anteriormente. É filosoficamente rigoroso em
relação aos pedidos de prisão preventiva. "Prisão preventiva é medida cautelar. Se o pedido não é
bem formulado, derrubo."
O perfil concessivo de Tourinho
Neto em matéria de habeas corpus é famoso entre jornalistas e
procuradores da República. Soltou, por exemplo, o ex-senador
Jader Barbalho, quando de sua
prisão no contexto da investigação de desvios da Sudam. Sua filosofia em relação ao tema já foi exposta em artigos, reunidos num
livro de abril de 2000 -"Coletânea de Artigos Jurídicos".
Ele recolhe declarações de rendimentos e extratos bancários. Os
dele, da mulher, dos filhos e até do
genro. Entregará os papéis aos
seus pares no TRF. Ofereceu-os
também ao procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro, a
quem caberá a palavra final sobre
a consistência dos indícios levantados contra autoridades.
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