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ACIDENTE
Barco, que ia de Manaus a Belém, levava cerca de 300 pessoas, mas tinha capacidade para 140; 30 estão desaparecidos
Naufrágio deixa pelo menos 7 mortos no PA
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O naufrágio do barco Dom Luiz
15-1º deixou pelo menos sete pessoas mortas, das quais, cinco
crianças, anteontem à noite, no
rio Pará, próximo ao porto de Vila
do Conde, em Barbarena (120 km
de Belém). Outras 265 pessoas foram resgatadas e 30 estariam desaparecidas.
"O barco virou de uma vez só
depois que o casco começou a se
despedaçar. A maré estava muito
forte e balançava muito. Foi um
momento de muito pânico e desespero. Havia muitas crianças e
idosos na viagem", disse Raimundo Nonato Ferreira, 42, um dos
sobreviventes do naufrágio.
Excesso de peso
As buscas duraram toda a madrugada e o dia de ontem. A Capitania dos Portos acredita que o
naufrágio foi ocasionado pelo excesso de peso. A capacidade do
barco é para 140 pessoas, mas carregava cerca de 300 passageiros.
A embarcação fazia o trajeto
Manaus (AM)-Santarém (PA)-Belém (PA) e saiu, na sexta-feira,
com a capacidade total em Manaus, segundo a Capitania dos
Portos da Amazônia Ocidental.
No entanto, em Belém, a Capitania dos Portos da Amazônia
Oriental informou que o Dom
Luiz 15-1º havia saído com 112
pessoas de Manaus.
Durante o percurso, o barco só
tinha autorização para apanhar
passageiros em Santarém, mas
parou, indevidamente, em quatro
portos para pegar alguns passageiros e cargas.
O capitão Jerte Bazyl admitiu a
falha de fiscalização durante o
percurso. "Falta controle em cidades intermediárias. O proprietário e o comandante terão que responder por aquilo que aconteceu", disse Bazyl. O barco tinha
oito tripulantes e pertencia a Carlos Augusto da Silva, dono da empresa de mesmo nome.
Um inquérito administrativo
será instaurado para apurar se
houve negligência por parte da
fiscalização e também encaminhará o caso para investigação do
Ministério Público.
A maioria das vítimas é moradora de Manaus e Belém.
Percurso
Em Santarém, a embarcação foi
novamente vistoriada pela Delegacia Fluvial às 11h de domingo,
quando seguia para Belém, mas o
número de passageiros era menor
do que o autorizado em Manaus.
"A embarcação foi despachada
com 118 passageiros de Santarém", disse por telefone o comandante da delegacia, capitão-de-corveta Francisco Carlos Torres
de Matos.
Segundo ele, na cidade de Monte Alegre, a 50 km de Santarém, o
barco Dom Luiz 15-1º recebeu
uma carga de 38 toneladas.
"O barco recebeu muita carga e
passageiros. Como nessas cidades
não têm fiscalização nossa, o controle não existe, o barco sai com
capacidade muito além do permitido. É uma negligência", disse o
capitão Matos.
Lotação
A embarcação era um modelo
regional com casco de madeira,
36 metros de comprimento e dois
andares. Tinha lotação para 140
passageiros e capacidade de 140
toneladas de carga no porão. O
barco possuía seis camarotes. A
maioria dos passageiros estava
alojada em redes atadas nos tetos
dos convés.
Na sexta-feira passada, quando
o Dom Luiz 15-1º saiu de Manaus
em direção a Belém, a Marinha
brasileira lançou o Programa de
Segurança da Navegação na Amazônia, que tem por objetivo desenvolver atividades para ampliar
a consciência de tripulantes, comandantes e passageiros dos riscos da navegação nos rios da região, que são as estradas para inúmeras comunidades ribeirinhas.
Colaborou KÁTIA BRASIL, da Agência
Folha, em Manaus
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