São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

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VESTIBULAR

19% dos 93.948 candidatos não compareceram ao teste de conhecimentos gerais; em 2004, a taxa de ausentes foi de 11%

Prova da Unesp tem abstenção recorde

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

O índice de abstenção na primeira prova do vestibular para 2006 da Unesp (Universidade Estadual Paulista), que aconteceu ontem, foi o maior nos 26 anos em que o exame é realizado. No total, 19% dos 93.948 candidatos não fizeram a prova de conhecimentos gerais. No ano passado, a taxa de ausentes foi de 11,3%.
"É um índice espantoso", afirma Fernando Prado, diretor-acadêmico da Vunesp, entidade que realiza o vestibular. Para ele, o mais provável é que o aumento das ausências tenha ocorrido entre os candidatos que conseguiram isenção de taxas de inscrição.
"As isenções de taxa duplicaram. No vestibular passado foram oferecidas 13.116 gratuidades. Este ano, o total de isentos foi de 25.122. A hipótese mais plausível é a de que os isentos não tenham feito o exame", afirma. Mas o número de isentos que não compareceram ao exame só será conhecido quando for feita a leitura óptica das folhas de resposta, no processo de correção dos exames.
Segundo os organizadores, em nenhuma das 24 cidades que sediam o processo seletivo houve qualquer incidente atmosférico ou anormalidade que pudesse ter prejudicado os candidatos a chegar aos locais de prova.
Os índices mais altos de ausência ocorreram em Guarulhos (na Grande São Paulo), com 33,6% dos candidatos faltantes, e em São Vicente (no litoral paulista), com 31,7% de abstenção.
"Em Guarulhos, Santo André, São Paulo e no litoral, os índices de abstenção são tradicionalmente mais altos. Isso acontece porque, provavelmente, a maior parte dos campi da Unesp estão no interior", explica Prado. "Mas os índices subiram até em cidades onde a abstenção era modesta."
Na capital, vestibulandos que se atrasaram afirmam que as comemorações da torcida são-paulina pela conquista do título de tricampeão do Mundial de Clubes atrapalharam o trânsito.
Os primos Augusto Nisivima, 18, e Carolina Nisivima, 19, candidatos ao curso de medicina, dizem não ter chegado a tempo por conta da confusão no transporte coletivo. "Vínhamos do Horto Florestal (zona norte) para a zona sul. Lá, os ônibus nem paravam no ponto porque estavam cheios de torcedores", conta a jovem.

Isenção
A Vunesp ofereceu taxa de isenção de três maneiras distintas: 18.562 candidatos conseguiram a gratuidade, pois foram considerados os melhores alunos de suas escolas públicas; outros 5.165 receberam o benefício pedindo diretamente à organização por critérios econômicos; e 1.393 ficaram isentos pois estudavam em cursinhos populares da própria universidade.
"A esperança com a maior oferta é aumentar a porcentagem de alunos de escola pública matriculados na universidade pública", diz o diretor-presidente da Vunesp, Benedito Antunes.
Mariana Matutino, 17, que cursa o ensino médio em uma escola pública de São Paulo foi uma das que receberam isenção por ser considerada boa aluna e pode engrossar as taxas de abstenção nas outras duas provas. "Não acho que vou conseguir passar, porque não me preparei. Se eu for mal nessa prova, não virei fazer as outras duas", confessa.
Hoje, a partir das 14h, acontece a prova de conhecimentos específicos, composta por 25 questões discursivas que variam conforme a opção de carreira do candidato. A Vunesp recomenda que os vestibulandos cheguem ao local da prova às 13h.


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