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EDUCAÇÃO
Universidades particulares dão bolsa de estudo, pagam salário e aceitam notas de outros exames
Faculdades atraem alunos com promoção
ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local
Universidades particulares estão usando artifícios, estratégias
de marketing e até recursos irregulares, no entender do CNE
(Conselho Nacional de Educação), para atrair mais alunos aos
vestibulares realizados neste mês.
Uma faculdade está dando bolsa integral e pagando salário para
os melhores colocados no vestibular. Outras usam o histórico escolar como critério para seleção
ou deixam de cobrar taxas de inscrição.
Um dos casos mais inusitados é
o da Uniban (Universidade Bandeirantes de São Paulo). Ela está
aceitando o rascunho do cartão
de respostas do aluno na Fuvest
como prova de sua pontuação no
concurso e creditando os pontos
em seu próprio exame, a ser realizado no dia 29 deste mês.
Esse critério adotado pela Uniban "causa estranheza" em alguns membros do CNE. "Isso não
é um documento oficial, portanto, considero que não tem a menor validade. O aluno pode até levá-lo para casa sem preencher",
afirma Serpa.
O supervisor do vestibular da
Fuvest José Coelho Sobrinho afirma que, para a coordenação do
concurso, o documento não tem
validade.
A Universidade Metodista de
São Paulo e a Estácio de Sá estão
substituindo parcialmente ou integralmente o vestibular por uma
análise do histórico escolar de cada aluno em alguns processos seletivos.
"Isso não pode. Os históricos
são incomparáveis. O professor
que avaliou um aluno em uma escola pode ter usado critérios diferentes dos de outro que dá aula
para a turma vizinha", afirma o
conselheiro do CNE (Conselho
Nacional de Educação) Carlos Alberto Serpa, que foi um dos relatores do parecer 98/99 do Conselho, que regulamenta os processos seletivos das universidades.
A chefe de gabinete da Secretaria de Ensino Superior do MEC,
Elvira Mello, afirma que um aluno que se sentir prejudicado por
esse critério pode entrar na Justiça contra a universidade. "A análise dos históricos escolares não
segue as normas do Conselho Nacional de Educação por ferir o
princípio constitucional da igualdade de condições no acesso à
universidade", diz Elvira.
Ela afirma também que, neste
ano, o MEC vai fiscalizar os casos
em que fique claro o abuso e encaminhá-los ao CNE, onde uma sindicância será aberta e, em último
caso, o processo seletivo pode até
ser anulado.
Desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em
1996, a estratégia de usar a análise
de históricos escolares é bastante
comum entre instituições particulares. No ano passado, no entanto, o CNE aprovou um parecer
questionando essa medida.
Outra estratégia muito utilizada
pelas universidades particulares é
isentar os alunos de taxa de inscrição no vestibular. A UniverCidade, no Rio de Janeiro, realiza testes gratuitos todos os sábados, até
o início do ano letivo, além de oferecer bolsas de estudos integrais
aos estudantes que conseguiram
acertar mais de 90% das questões
do Enem. Em São Paulo, a Universidade São Judas também não
está cobrando a inscrição no seu
vestibular.
Para o presidente do Semesp
(Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do
Estado de São Paulo), Gabriel Rodrigues, "a lei permite que cada
instituição utilize o processo que
considerar adequado. Existem algumas mais rigorosas, mas também há aquelas que facilitam o ingresso para preencher as vagas".
O excesso de oferta pode ser a
causa da proliferação das seleções
alternativas. Em 98, por exemplo,
de um total de 570.306 vagas oferecidas no ensino superior em todo o país, sobraram 20%
(115.318), segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Na Universidade Metodista, estão sendo oferecidas com o novo
critério 556 de um total de 3.390
vagas. Na Uniban, o sistema alternativo está sendo usado para 30%
das vagas. A Estácio de Sá não divulgou qual o número de vagas
remanescentes.
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