|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Setor tem excesso de oferta
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O excesso de oferta pode ser a
causa da proliferação das seleções
alternativas adotadas pelas faculdades. Em 98, por exemplo, de
um total de 570.306 vagas oferecidas no ensino superior em todo o
país, 20% sobraram (115.318), segundo dados do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais).
"A demanda está aumentando e
tende a crescer mais ainda porque
o fluxo de estudantes está melhorando no ensino fundamental e
no médio. Mas o número de vagas
atual ainda é muito maior do que
a demanda", diz a cientista social
Helena Sampaio, pesquisadora
do Nupes (Núcleo de Pesquisas
sobre o Ensino Superior) da USP.
A melhoria do fluxo pode ser
percebida pelo tempo médio que
os estudantes levam para concluir
a educação básica (ensino fundamental e médio) no país. Em 95, a
média era de 15,4 anos. Em 97, ela
caiu para 14 anos.
Paralelamente, o número de
concluintes no ensino médio vem
crescendo. De 96 para 97, houve
aumento de 14% do total de concluintes -clientela potencial para o ensino superior.
A questão, no entanto, é que a
melhora do desempenho dos estudantes na escolaridade básica
ainda não está se refletindo no aumento da parcela dos concluintes
que ingressam no ensino superior. O crescimento dos ingressantes de 97 para 98, por exemplo,
foi proporcional ao de formandos
no período anterior -13%.
Essa não é a única preocupação
das universidades particulares.
Ao facilitar o ingresso de estudantes, as instituições de ensino superior podem estar até utilizando
uma arma contra elas próprias.
"A política de curto prazo de
atrair o maior número de alunos
possível pode ser prejudicial ao
curso na hora da saída desses estudantes, já que vai se refletir na
qualidade, avaliada pelo provão",
diz o cientista político Simon
Schwartzman, ex-presidente do
IBGE.
O presidente da Confenen
(Confederação Nacional de Estabelecimentos de Ensino), Roberto
Dornas, aposta que a tendência de
queda da qualidade dos cursos será revertida por uma "seleção natural". "Em quatro ou cinco anos
os cursos ruins não vão conseguir
se manter e vão fechar", avalia.
Texto Anterior: Cursos arriscam perda de qualidade Próximo Texto: Telefonia: Intelig começa a operar no domingo Índice
|