São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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Setor tem excesso de oferta

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

O excesso de oferta pode ser a causa da proliferação das seleções alternativas adotadas pelas faculdades. Em 98, por exemplo, de um total de 570.306 vagas oferecidas no ensino superior em todo o país, 20% sobraram (115.318), segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
"A demanda está aumentando e tende a crescer mais ainda porque o fluxo de estudantes está melhorando no ensino fundamental e no médio. Mas o número de vagas atual ainda é muito maior do que a demanda", diz a cientista social Helena Sampaio, pesquisadora do Nupes (Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino Superior) da USP.
A melhoria do fluxo pode ser percebida pelo tempo médio que os estudantes levam para concluir a educação básica (ensino fundamental e médio) no país. Em 95, a média era de 15,4 anos. Em 97, ela caiu para 14 anos.
Paralelamente, o número de concluintes no ensino médio vem crescendo. De 96 para 97, houve aumento de 14% do total de concluintes -clientela potencial para o ensino superior.
A questão, no entanto, é que a melhora do desempenho dos estudantes na escolaridade básica ainda não está se refletindo no aumento da parcela dos concluintes que ingressam no ensino superior. O crescimento dos ingressantes de 97 para 98, por exemplo, foi proporcional ao de formandos no período anterior -13%.
Essa não é a única preocupação das universidades particulares. Ao facilitar o ingresso de estudantes, as instituições de ensino superior podem estar até utilizando uma arma contra elas próprias.
"A política de curto prazo de atrair o maior número de alunos possível pode ser prejudicial ao curso na hora da saída desses estudantes, já que vai se refletir na qualidade, avaliada pelo provão", diz o cientista político Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE.
O presidente da Confenen (Confederação Nacional de Estabelecimentos de Ensino), Roberto Dornas, aposta que a tendência de queda da qualidade dos cursos será revertida por uma "seleção natural". "Em quatro ou cinco anos os cursos ruins não vão conseguir se manter e vão fechar", avalia.


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