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Morador se adapta a aviões
DA REPORTAGEM LOCAL
O funcionário público Luiz Carlos Amaro da Silva, 33, acredita
que as locadoras de vídeo são o
negócio mais rentável do bairro
Presidente Dutra, localizado na
cabeceira do aeroporto de Cumbica. Segundo ele, que vive na região, onde nasceu, isso ocorre por
causa do barulho.
"Perdi a conta de quantos filmes
da TV, que, na cena final, passava
um avião e eu não conseguia entender nada. O jeito era a locadora", conta Amaro, que brincou
nas obras do aeroporto de Cumbica quando era criança.
Ser vizinho dos aviões, para ele,
é um estilo de vida. "É preciso avisar as visitas sobre o avião cargueiro. O barulho é tão grande
que elas pensam que está caindo."
No bairro de Presidente Dutra,
conta o funcionário público, é assim: as pessoas só batem papo no
telefone antes das 20h ou depois
das 23h. Nesse horário, o esquema de pouso muda para a pista
próxima do bairro. "Daí não se
ouve mais nada", diz.
Apesar do incômodo, é difícil
encontrar na região quem não seja fascinado pelos aviões. Crianças ou adultos conhecem modelos e normas técnicas de cor.
O bar Paraíso dos Aviões, no
Jardim Cumbica, é um exemplo.
Localizado em um ponto elevado
do bairro, o estabelecimento tem
visão privilegiada das pistas de
pouso e decolagem. "No domingo, você vê muita gente, geralmente pais e filhos, vendo os
aviões dali", conta Amaro.
Até dois anos atrás, os moradores do Parque Cecap -um conjunto habitacional com 13.750 habitantes, de acordo com os dados
do Censo 2001- costumavam fazer cooper na avenida Hélio
Smidt, que dá acesso ao aeroporto. A prática esportiva, porém, foi
proibida pela Infraero.
Da juventude, o funcionário público guarda a história do loteamento clandestino dos bairros vizinhos, patrocinado por políticos
e imobiliárias da cidade.
"Na verdade, sempre foi um
bom negócio vender terreno aqui.
Quando surgiu o aeroporto, havia
uma expectativa enorme nas pessoas de que os aviões iriam trazer
muita prosperidade para cá, o que
não aconteceu", diz Amaro.
Problemas como o de loteamentos irregulares, de acordo
com a prefeitura, estão sendo discutidos por 50 grupos, formados
por associações e entidades de
Guarulhos. As discussões fazem
parte do processo de elaboração
do Plano Diretor, ainda em fase
preliminar.
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